sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O PAN CONTINUA - PARTE 2

Há alguns dias, postei o relato sobre a morosidade e malandragem da CPI do Pan na Câmara dos Vereadores, instigando os leitores a escrever para os parlamentares que estavam colaborando pra isso.

Não sei quantos escreveram, mas eu e um amigo o fizemos, e tivemos a mesma resposta do vereador Guaraná (é isso mesmo... Foto abaixo) sobre a instalação da CPI:

"CARO MARCOS,

SERÁ INSTALADA DIA 26 DO MES QUE VEM. DURANTE ESSE TEMPO ESTAMOS AGUARDANDO O ENVIO DE DOCUMENTOS QUE SEVIRÃO PARA OS TRABALHOS DA CPI, SEM QUE SE PERCA O TEMPO REGIMENTAL DEFINIDO PARA UMA CPI FUNCIONAR (90 dias).

ATENCIOSAMENTE,

LUIZ ANTONIO GUARANÁ - 3814-2431/2433"

Pra confirmar, perguntei se seria dia 26 de setembro. Resposta, sempre em caixa alta: "EXATO! DE COMUM ACORDO COM TODOS OS MEMBROS". Estranhei. Mas a comissão não estava dividida quanto ao assunto? Como surgiu esse consenso? Na dúvida, escrevi ao vereador Eliomar (foto abaixo), que denunciava em praça pública no Centro do Rio o descaso dos vereadores em referência. Diz ele:

"Marcos André,

A pressão está grande sim e assim que anunciei em plenário o inicio da coleta de assinaturas exigindo a instalação da CPI já. O vereador Guaraná tem demonstrado ter mudado de opinião, mas na verdade quando eles adiaram a instalação, votaram sim o adiamento para 15 de novembro. Atenciosamente, Eliomar"

PORTANTO agora o placar parece, a princípio, 3x2 pró CPI: Eliomar, Guaraná e Patrícia Amorim a favor; Nadinho de Rio das Pedras e Carlo Caiado, contra. Isso se alguém não mudar de idéia de novo.

Vamos acompanhar. Sempre que possível, prometo novas informações aqui no Lessa27.

E A VALE? É NOSSA OU NÃO É?

Também já postei aqui sobre o plebiscito popular sobre a privatização da Vale do Rio Doce, que vai acontecer na Semana da Pátria. Procure uma urna perto de você - no Centro da cidade, com certeza haverá várias, como no Largo da Carioca. Dentre outras coisas, a vale foi vendida por US$ 3,3 bi, quando valia US$ 92 bi.

Mais informações: http://www.avaleenossa.org.br/

domingo, 26 de agosto de 2007

20 anos sem Drummond



- Mas o senhor não poderia ter esperado mais um pouquinho, pra gente se conhecer??


Como eu gostaria de ter conhecido esse velhinho... Acabei conhecendo-o de outra forma, quando me deparei com seus poemas e crônicas e tomei aquele susto de me ver ali, de alguém falando por mim, meus suspiros traduzidos. É uma experiência quase sobrenatural. E você não é mais o mesmo depois de um troço desses. No mínimo, você ganha uma companhia pro resto da vida, em forma de livro. No máximo, domando toda a pretensão e ousadia possível no momento, você quer virar escritor.

Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade provocaram isso em mim. O mineiro de Itabira, cuja morte aconteceu em 17 de agosto de 1987, me mostrou que eu poderia fazer poemas sem rima ou excessiva formalidade. Ah, o Modernismo e suas rupturas... Mas nem de longe ele me disse que seria fácil fazer poemas, quanto mais um poema bom...

Feito isso, minha nada célebre produção poética ficou na adolescência, com o combustível passional de então, correndo atrás de paixõezinhas que não tinham futuro. Respeitemos as descobertas púberes, e todo mérito a Drummond. A partir dali, bebia de seus poemas e a cada estrofe nova (para mim), era uma nova ode, justa, devida.

Assim como Sabino, quis muito conhecer Drummond. Nem teria como, mas eu queria muito, muito. Não posso ver uma entrevista antiga dele que me vem essa vontade que eu sei ser impossível de realizar. Mas vem! E eu fico naquela tristeza de ter uma saudade de alguém que nunca conheci, e que está intimamente ligado a uma das minhas vocações mais certeiras, que é a de escrever.

Não sei se serei um escritor como Drummond ou Sabino. Nem sou eu quem tenho que dizer. Garanto que não almejo ABLs da vida, porém fico um tantinho revoltado quando vejo textos questionáveis fazendo sucesso ou sendo incensados... Mas Drummond era funcionário público, e escrevia por necessidade de alma. Por acaso genial, foi dos maiores do nosso tempo. Não sei quais serão as conseqüências de meus escritos, mas o propósito com o qual escrevo são os mesmos do velhinho.

"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo". E o senhor achava pouco?

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

O Pan continua!

Passada a festa e o heróico esforço de nossos atletas, que conseguem ser campeões mesmo com a incompetência e corrupção de nossos dirigentes esportivos, é hora de averiguar o que houve com o dinheiro do Pan 2007.

O orçamento estourou, empresas foram escolhidas sem liccitação (todos de compadria de Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro) e agora querem enterrar a CPI do Pan. O seu dinheiro, como contribuinte, foi pro bolso de pouquíssimos larápios, e não querem mais falar nisso.

Os vereadores Eliomar e Patrícia Amorim são votos vencidos para que a CPI do Pan seja feita agora. Luiz Antonio Guaraná, Nadinho de Rio das Pedras e Carlo Caiado votaram contra, cumprindo orientação do prefeito maluquinho, Cesar Maia, que tem muita responsabilidade nesse Pan (ele sumiu, né, não? O Pan não era carioca?)

O que a gente pode fazer? Encher o saco desses vereadores, pressionar para que eles permitam a instalação imediata da CPI.

CARLO CAIADO - caiado@carlocaiado.com.br - Tel: 3814-2081 a 2083/2513/2514

NADINHO - nadinhoderiodaspedras@camara.rj.gov.br - Tel: 3814-2692 / 2440 / 2441/ 2444

LUIZ ANTONIO GUARANÁ - laguarana@uol.com.br - Tel: 3814 - 2187 e 2189

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Agora, chega! Boicote já!


Não dá para acreditar: Airbus da TAM apresenta problema e não decola no ES. Como uma empresa com tantos históricos de defeitos e acidentes - até o dono morreu num acidente de avião - continua operando sem nenhuma punição? 1996 e 2007 nunca serão esquecidos, agora outro defeito. E aí?

Além disso, as indenizações devidas nem são pagas. Ora, essa companhia aérea não merce mais o nosso respeito, tampouco o nosso dinheiro. Se eu tiver que voar, não será de TAM. E não é medo, não, é despeito assumido mesmo. Pra não agüentar mais desrespeito e marketing goela abaixo. Arre!

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Vale o que a gente quiser

Dane-se se a privatização é ou não é a melhor opção. Todo mundo sabe que houve picaretagem braba na entrega da Vale do Rio Doce, com dinheiro público DO ESTADO, e o leilão é questionado por mais de cem ações na justiça!

Aqui você confere a organização de um Plebiscito Nacional sobre a privatização da Vale, que acontece em setembro. Vamos gritar!

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Quando chega a nossa hora...



(Rua do Catete)

Meus caros, devo lhes avisar que a minha hora chegou. Como eu esperei que ela chegasse! Chegou. Sem mais expectativas ansiosas, finalmente consegui morar no Catete. Ok, apenas assinei o contrato de aluguel - mas já estou com as chaves! Pra vocês entenderem o significado de tamanho acontecimento, transcrevo abaixo uma crônica pré-internet, escrita há pelo menos sete anos...


FASCÍNIO

O Catete me conquistou. Se algum dia duvidei da predestinação, tal comportamento mudou ao passar pelo Museu da República e caminhar pelas ruas do histórico bairro, com todas as suas particularidades. Não era concreto nas paredes ou asfalto nas ruas: era espelho. Um tradutor simultâneo de minh’alma ao pisar as calçadas que abrigam sebos de alta qualidade e diversidade, restaurantes carismáticos e opções culturais na medida de quem sempre sonhou uma Canaã do tipo e ainda não havia descoberto em sua própria cidade.

O trânsito das pessoas parece mais civilizado do que em quaisquer Londres e afins. Sem a hipocrisia altiva característica dos que são privilegiados por alguma posse e se julgam superiores. Os que podem andar pelo Catete e desfrutar do que o bairro oferece são privilegiados – mas não parecem! Não que não valorizem. Mas é normal, corriqueiro tudo aquilo. O que me deixa fascinado para eles é rotina, e ninguém despreza tal situação.

Os mais críticos já devem ter elaborado todo o seu raciocínio e condenado minha descrição do Catete e minhas reações ao estar lá. Talvez até alguns moradores estejam me vendo como um sonhador, falando de outro lugar, lunático, doidivanas. Têm esse direito. Assim como eu, de relatar identificação – algo por mim tão ressaltado e valorizado, impossível de ser alvo de indiferença e que senti ao passar pelo Catete.

Para notarem que estou no mundo real: o Museu da República, templo de flashbacks; estar em seu interior é ter de novo na memória a Era Vargas e todos os seus desdobramentos. Passo pela livraria e, por ser uma livraria e marcar seu espaço ali, já merece meu respeito e devido mérito. Ando pelos jardins, respiro ar puro no outrora efervescente coração da antiga capital. Extasio-me ao notar o cinema, sétima arte carimbando ali qualidade cultural de primeira.

Enveredo pela Rua do Catete e avisto do outro lado um sebo humilde até no nome: “Sebo”. Nenhuma propaganda além do acervo chamando os necessitados por leitura a saciarem-se por suas portas. Adiante, outro. Depois, mais outro. Antes do Largo do Machado, na Buarque de Macedo, outro. Sinto-me ébrio, mas é só impressão. Ainda vejo outro cinema, mais moderno e uma videolocadora com filmes para além dos superlançamentos.

A discrição do Catete em relação aos demais bairros traz-me a sensação (tentação) de culto à personalidade. No caso, à minha própria, enlevada por descobrir um lugar tão igual a ela. Raramente está na mídia, não possui orla alardeada, esconde-se atrás do Flamengo, à sombra da Glória... E segue exalando cultura e auto-suficiência por todos os seus estabelecimentos. Não precisa da opinião alheia para ratificar sinceridade e transparência, ser o que é e pronto. Humilde ainda por cima.

Todo esse “delírio real” incontestável é interrompido pelo início de uma depressão que será constante até o fim do dia. Um “banzo” contrário ao vivido pelos escravos. Pois se estes padeciam pela saudade atroz de sua terra natal, eu sofria por antecipação. A certeza de que precisaria deixar o Catete e voltar pra casa na hora devida cortava-me a sangue frio, como vento gélido na ferida aberta. Não, ainda não moro no Catete. Não tenho motivo algum para ali pernoitar. Nada do meu dia-a-dia encontra-se no Catete. São gemidos que se compõem como trilha sonora de minha volta ao ponto de ônibus. Mas tendo a esperança planejada de meu ponto final ser no bairro que me pertence desde que sei que a ele pertenço.