domingo, 4 de outubro de 2009

A favor, sempre a favor. Será que ainda não entenderam?

Vi que o presidente Lula, em coletiva de imprensa, criticou aqueles que sempre torcem contra, diante da vitória do Rio para as Olimpíadas de 2016. Quase me senti lisonjeado. Será que fui mencionado pelo chefe máximo da nação em um de seus pronunciamentos? Nada mais longe da verdade.

Até porque precisamos relativizar o advérbio "sempre". Se tudo leva a crer que a Copa 2014 e a Rio 2016 vão seguir o mesmo descalabro com o dinheiro público que se viu no Pan 2007 e em tantos outros eventos esportivos, sempre torcerei contra. A partir do momento que essa perspectiva mude, sempre torcerei a favor.

Então eu estaria torcendo para que os eventos acima sejam um desastre? Óbvio que não. Minha torcida era contra a escolha. Uma vez sacramentada, meu pragmatismo me impede de ficar chorando o leite derramado.

Qual o próximo passo, então? Detonar o ufanismo galvaobuenista e os bairrismos de ocasião (tem carioca achando que as críticas vêm de São Paulo, e desqualificando-as, vê se pode?) para fiscalizar o que vão fazer com o seu, o meu, o nosso dinheirinho. Aliás, por que os figurões que, ao serem assaltados ou coisa do tipo vociferam "Eu pago meus impostos, não posso aceitar um negócio desses!" ficam quietinhos ou entram no oba-oba em meio aos superfaturamentos incompetentes?

Por que o Governo não elaborou, junto com o projeto para a candidatura, uma Política Nacional para o Esporte, fazendo da Olimpíada o catalisador de um processo planejado? Nada disso. E lá vamos nós para mais um megaevento administrado por mentes pequenas e míopes, com alma de pilhagem.

Posto isso, reproduzo aqui as perguntas formuladas por André Monnerat em seu blog, que devem ser o mantra da imprensa e da população carioca (e brasileira, por que não?):

- Como pretendem dar transparência às contas da Olimpíada? Como será possível para nós, cidadãos, verificarmos quanto de nosso dinheiro está sendo gasto, como e por quem?

- Como pretendem esclarecer a população sobre o uso pós-Olímpico dos equipamentos esportivos que serão construídos?

- Como será a política esportiva do Estado brasileiro daqui pra frente? Seguirão na linha de dar dinheiro público a atletas de ponta, ou finalmente veremos investimento para usar o esporte como ferramenta de educação e saúde, na base, colocando-o no dia-a-dia das crianças na escola?

- E qual será o efetivo legado deixado no Rio de Janeiro?

As Olimpíadas vão ser benéficas para a imagem e o turismo do Rio de Janeiro, não há dúvida. Acredito que o evento será um sucesso, já que durante ele seus protagonistas são os atletas. Mas até lá devemos, com o perdão da expressão, pentelhar os donos do poder e das responsabilidades.

Assista a uma das melhores reportagens investigativas do ano:

Um comentário:

André Monnerat disse...

Fala, rapaz!
Bom texto!