quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Indignados: ainda falta


Mundo árabe, Espanha, Chile, Wall Street. São diversas as mobilizações coletivas insatisfeitas com a ordem atual das coisas. Movidos pela juventude e com o suporte da tecnologia móvel e das redes sociais, reúnem-se, gritam, perseveram. Um louvável esforço de quem ainda é rotulado como uma geração alienada ou coisa do tipo.

O que fico pensando ao acompanhar todos esses movimentos é qual deve ser o próximo passo. Ok, conseguimos nos organizar para protestar e sermos ouvidos. Sabemos contra o que nos insurgir. Mas para além da contestação, alguém dessa multidão está pensando na alternativa futura a esse estado de coisas?



O ponto em comum de todas essas manifestações é que elas acontecem voluntariamente alijadas do sistema político corrente, com os partidos políticos em descrédito (Vladimir Safatle pontuou bem essa questão). Porém a democracia contemporânea pressupõe que, para se chegar ao poder e assim mudar o curso das coisas, é preciso passar pelos partidos.

Não estou defendendo institucionalmente as agremiações políticas, mas é um exemplo do que tento argumentar aqui. Desse jeito não queremos, mas então de que jeito vai ser? Não podemos repetir o velho erro progressista/esquerdista de saber criticar, mas não saber como fazer. Ou propor caminhos delirantes sem o mínimo de pragmatismo. A utopia deve ser a motivação, não necessariamente o conteúdo em si.

Aprecio a coragem de todos os jovens do mundo que saem às ruas e gritam com maturidade e persistência. Mas creio que o desafio maior ainda é pensar as novas soluções para um mundo cada vez mais antiquado. Não é fácil, reconheço.

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