segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A feira é livre!

Como era o mundo antes do surgimento do capitalismo selvagem? Você pode ler nos livros de História, ver documentários do Discovery, conversar com pesquisadores e entendidos do assunto. Mas pra ter uma ideia bem real e nítida de como era viver nesse tempo, não precisa ir muito longe (nem gastar muito): dê um pulo na feira livre mais perto da sua casa.


A feira não tem marketing, tampouco spots de TV e rádio ou pop-ups na internet para que você vá lá. Ela está entranhada no hábito das pessoas desde os tempos antigos. Lembro de meu avô me levando, amarrando meu carrinho de brinquedo no carrinho das compras. Muitos pais levam seus filhos à feira, que é um programa divertidíssimo para eles. Até porque temos uma balbúrdia organizada, com gritaria pra cá e pra lá, e muitas cores, sejam das barracas ou das frutas e legumes.

Todos os feirantes estão ali para garantir sua subsistência. A margem de lucro é a suficiente para dar a dignidade necessária a cada um. Ou você já viu algum feirante milionário com seus negócios, fumando charuto e bebendo champanhe?
 
Não há produção em série, nem a promoção de artigos supérfluos. Tudo o que é vendido ali é para a alimentação. E saudável! Ainda que os agrotóxicos se assanhem na produção agrícola, as frutas, verduras, carnes e peixes da feira são o mais próximo possível de uma pureza alimentícia e de uma distribuição simplificada.

E se não comer logo, estraga. Ou seja, na feira ainda aprendemos o quão ruim é desperdiçar comida, ao contrário das grandes marcas e redes que querem que você compre mais e mais e mais, e não apenas o suficiente.

A simpatia dos vendedores é a mais transparente de todas. E não estou idealizando: fica bem claro quando eles estão nos enganando em busca de uma venda. É só apalpar o mamão e a maçã pra desistir de gastar seu dinheiro ali. Nada de surpresas no dia seguinte, processos na Justiça ou coisa do tipo.

A rua da feira livre perto de casa é um túnel do tempo que não vivi. É um front de resistência ao consumo desenfreado e sem sentido. É pisar numa terra em que multinacionais e corporações são apenas palavras com muitas sílabas. É pé no chão, e gostar que seja assim.

Nenhum comentário: