domingo, 30 de agosto de 2009

A prova real

Antonio Palocci, ex-Ministro da Fazenda do atual governo, foi absolvido no STF da acusação de quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, ocorrido em 2006. Marcelo Netto, seu assessor de imprensa que vazou o extrato para a revista Época, também foi inocentado. Sobrou pro então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, que à época assumiu sozinho a culpa.

Ano passado a revista Piauí publicou uma contundente matéria sobre o caso. João Moreira Salles apurou as informações por um ano, entrevistando (ou tentando entrevistar) todos os envolvidos no caso. Sua vocação documentarista é crucial para a credibilidade de seu texto, do qual saímos com a certeza de que Palocci foi, no mínimo, mentor da quebra de sigilo.

Se assim não fosse, por que ele deixou o cargo duas semanas após as denúncias de Francenildo?

Palocci e seu assessor foram absolvidos por falta de provas. E esse parece ser o "xis" da questão sobre o parecer do Supremo Tribunal Federal, que nunca apareceu tanto na mídia (o que não deixa de ser algo positivo: quanto mais holofotes, mais obrigação de transparência e fiscalização pública).

Não bastaram os depoimentos contundentes do caseiro e do motorista, nem as coincidências de horário em que o sigilo era quebrado (com velocidade absurda para a burocracia brasileira) e reuniões do então ministro e de seus subordinados. Segundo a análise dos ministros do STF, não houve provas que o condenassem. Até porque todos são inocentes, até que se prove o contrário.

E aí parece se localizar um dos maiores entraves da democracia brasileira, quanto à responsabilidade dos parlamentares em fazer um bom trabalho. De que vale tanto alarde, tantas denúncias, tantas CPIs mais políticas do que de apuração de fatos, se o principal - as provas - não conseguem ser reunidas para atingir o principal objetivo, a punição dos desvios de conduta?

O que só demonstra como o principal objetivo de muitos alardes que vemos em Brasília quase nunca é o anunciado.

Tal constatação acaba respingando na responsabilidade social do jornalismo: fiscalizar o poder sempre, mas prendendo-se aos fatos. Sair da redação querendo encaixar a realidade nas suas versões não contribui para a sociedade. Ser porta-voz da situação ou da oposição somente abrindo aspas, idem.

Pois em toda CPI é isso: saímos mais informados sobre os humores e pitacos dos congressistas (mesmo que não façam sentido) do que com o entendimento do que acontece, na prática, por trás das declarações mil daqui e dali.

Voltando a Palocci: a imprensa fazia o ping-pong entre o caseiro e o ministro. Mas alguém se preocupou em perguntar aos envolvidos onde estava a prova do crime? E a CPI, quis fazer isso algum dia?

Só nos resta assistir ao homem que preferiu sair do ministério - mesmo diante de uma acusação sem provas - agora querer se candidatar ao Governo de São Paulo.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Hein? Ah, ok...

Entrei na locadora decidido a pegar um DVD que eu já sabia qual, desde a véspera. Peguei, desci até o caixa, digitei minha senha de sócio, peguei 20 reais na carteira e dei mais um pra facilitar o troco. Guardei o dinheiro, coloquei a carteira na mochila e saí da locadora.

Esqueci o DVD no balcão. Sorte minha que, mais uma vez, o atendente me chamou, e assim pude voltar com o mais importante.

Não é raro a cena acima acontecer e se repetir em diversos lugares possíveis. troque o DVD por pão francês, pequenas compras de mercado, revista, qualquer coisa minimamente portátil tendo passado pelo escambo monetário. Esqueço nada menos que o principal, apago da minha mente a motivação para que eu me deslocasse, gastasse dinheiro etc.

Curioso é que não sou um cara esquecido. Ao contrário, desde criança tenho uma memória prodigiosa - não digo fotográfica, mas jornalística: aquela que guarda os fatos, os personagens e seus encadeamentos e sabe repassá-los sem esforço.

Não exagero quando digo que é desde a mais tenra idade: pergunte à minha mãe, que sofria quando queria inventar novos roteiros para o mesmo gibi (que eu sempre pedia para ler) e era flagrada na mentira pela memória do jovem Marcos Lessa em seus 4 anos de idade. Cruel, esse menino!

O que só me deixa mais espantado ao me perceber com "pequenas amnésias" de maneira recorrente na vida adulta. Sou acometido pela distração em sua instância máxima, aquela que desvia todo o meu foco para qualquer coisa que não seja o principal.

Eu poderia ficar preocupado com a situação acima, mas meu grande amigo Rômulo citou ninguém menos que Clarice Lispector, no conto "Por não estarmos distraídos" no seu blog:

Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e, quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito, exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem distraídos.

E o próprio Rômulo completou, para minha alegria:

Grandes acontecimentos precisam de ausência do mundo. Estar no mundo implica uma permanente resposta às necessidades que o mesmo nos impõe. Há sempre tanto o que fazer. E quando não há nada o que fazer certamente os outros têm muito o que fazer. Acredito que nós não somos responsáveis pelas grandes mudanças, mas as grandes mudanças acontecem em nós. E para que as mesmas aconteçam é necessário que estejamos distraídos.

Vale a pena ler o post inteiro. No momento em que comecei a me recriminar pelo fato de ser tão distraído e de esquecer as coisas tão frequentemente ("isso ainda vai me prejudicar!"), lembrei do texto. E do significado que um momento de distração pode trazer a nós.

Não tenho desapego aos bens materiais, seja um DVD ou as compras de mercado. Não sou louco de rasgar dinheiro, tampouco de jogá-lo fora. Mas estar diante da pós-modernidade ainda preservando a capacidade de um devaneio, ainda que involuntário, faz bem. É como se tais momentos de distração, ainda que socialmente condenáveis, fossem um resguardo mental de que não será o fim do mundo se não ficarmos conectados o tempo todo nele.

Como se isso não bastasse, ainda me ajuda a escrever uma crônica!

domingo, 23 de agosto de 2009

Cortando pela raiz

O caso é chocante de múltiplas formas. Caloura de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) acusa veteranos que aplicavam trote de obrigá-la a fazer sexo oral em oito deles, em troca de não pagar os R$ 250,00 de "taxa" para a chopada. Não sei nem por onde começar a me revoltar.

É claro que ninguém merece passar por qualquer tipo de humilhação, jamais. O trote nesse nível é uma excrescência, é um momentinho neonazista em que os veteranos se sentem à vontade pra botar pra fora tudo o que normalmente lhes é proibido pelas regras sociais. A insegurança dos calouros quanto a seu futuro no campus é o facilitador ideal.

Mas é incrível ver alunos de Direito cometendo a atrocidade acima. Eu já me assustava com trotes dos alunos de Medicina - os mais violentos, chegando a resultar na morte de um calouro na piscina da USP, em 1999. Tratam-se simplesmente dos que vão cuidar de nossa saúde e integridade física.

Só que os futuros médicos estudam o corpo, suas patologias, possíveis curas e tratamentos. Não são obrigados, por vocação, a conhecer a lei e suas consequências - o que não justifica seus trotes e desvios de conduta. Não é o caso dos estudantes de Direito, pelo contrário.

Assédio sexual, atentado violento ao pudor, extorsão, chantagem. Quantos artigos do Código Penal englobam esses casos? E quais as penas para cada um deles? Tenho certeza que os veteranos que abusaram da caloura da UFF sabem muito bem. No entanto, por que praticaram tais atos?

A atitude desses veteranos só revela como é possível que o homem da lei sinta-se acima dela muito antes do que poderíamos imaginar. Não estamos falando de ministros do Supremo Tribunal Federal, juízes, desembargadores, altos magistrados (nem estou falando que estes ignoram a lei). São apenas estudantes de Direito, que agiram como se as consequencias de suas respectivas infrações nunca fossem alcançá-los.

Esses alunos futuramente vão advogar, julgar, condenar e absolver os criminosos do país. Se qualquer um dos veteranos futuramente arbitrar sobre casos semelhantes, como será sua conduta? Lembrará que também fez isso na juventude, e que não deve ser levado tão a sério?

Portanto, é dever do Estado e do Poder Judiciário fazer com que esses estudantes experimentem a força da lei. Se assim não for, será um tiro no pé a longo prazo, por contribuir com a construção de uma cultura da impunidade cedo, muito cedo, e logo onde não poderia acontecer: na formação em Direito.

Antes disso, a UFF precisa fazer a sua parte, abrindo investigações sérias para comprovar a denúncia (a aluna não iria inventar uma história dessas). E o objetivo deve ser somente um: expulsar os agressores.

Se a universidade não mostrar vigoroso repúdio pelo caso e disposição para resolvê-lo, ainda poderá passar à sociedade a imagem de conivente. E por ser uma instituição pública, que não depende de doações particulares para se manter, deve se sentir com indepedência plena para isso.

sábado, 22 de agosto de 2009

Mas o que é que você quer?

Ricardo Kotscho é um jornalista que respeito muito, principalmente devido à transparência de suas opiniões. Mesmo que discorde delas, Kotscho deixa claro por que as emitiu, e de que lugar está falando, deixando para o leitor tomar posição.

No seu blog, ele levanta uma questão que reverbera no ar: quais são as bandeiras da oposição atual?

Militante histórico do PT, Kotscho participou de todas as campanhas de Lula à presidência, e foi Secretário de Imprensa do Governo Federal em 2003 e 2004. Até a posse no cargo, nunca deixou de trabalhar em diversos veículos da imprensa nacional, ganhando prêmios Esso de jornalismo desde a época da ditadura.

Hoje, mesmo após sua experiência no Planalto, Kotscho continua achando que o Governo Lula faz um bom trabalho, por ter melhorado a vida da maioria dos brasileiros - o que, na sua opinião, é o principal objetivo de um governo. Porém o jornalista não tem um pensamento cínico, como se desse margem à máxima de que os fins justificam os meios. Faz críticas também aos descalabros éticos que o mesmo Governo, em suas articulações, permitiu ou produziu.

Mas esse background não invalida a reflexão que Kotscho provocou. De fato, qual é o projeto para o país de PSDB e DEM (já que o PMDB topa tudo e todos)? O que se vê são pirraças homéricas em praça pública e a sensação de que vigiam o Governo Lula só pra pegá-lo em algum "flagra" e faturar em cima do desgaste político.

Sei não, mas quem só vive de voyeurismo não é muito certo das ideias e das emoções.

Pode-se argumentar que em seus tempos de oposição o PT era igual. Mais ou menos. Também abusava do expediente do desgaste político, pedindo CPIs e mais CPIs e fazendo gritarias. No entanto, existia um projeto para o Brasil. Tanto é que as maiores críticas que se fazem ao Governo atual é de não ter empregado suas bandeiras históricas na prática.

Ou seja, se há cobrança, é porque algo foi anteriormente construído e prometido.

Mas o que quer a oposição? Não aventam, em nenhum momento, soluções à vista para os erros do Governo. Não vejo, no meio dos embates discursivos, PSDB e DEM apresentando o que eles pensam que seria mais adequado. Somente discordam, e fecham a cara.

São duas viúvas que ficaram desnorteadas após o passamento de seus líderes. Seja de fato, como no caso do ex-PFL após a morte de Antonio Carlos Magalhães; seja de realidade, no caso dos tucanos com o ainda vivo Fernando Henrique Cardoso, que fala sobre tudo aos quatro ventos, é procurado tal e qual um oráculo, mas que não possui apelo algum para angariar votos e simpatia para seu partido.

O DEM está tão sem identidade que resolveu mudar de nome copiando sua antítese estadunidense.

Nesse quadro, é óbvio que Marina Silva acaba sendo uma grande novidade e o verdadeiro temor do Governo atual. Embora seja um temor relativo. No momento em que a campanha presidencial começar pra valer, vai ser difícil o PV e sua microestrutura bater de frente com os gigantes de cargos, verbas e tempos de TV.

Entretanto parece mais difícil ainda, neste momento, que a oposição esteja preparando algum programa de governo para 2011-2014.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Influenciando políticas públicas para a juventude


Não sei quem já ouviu falar da RENAS (Rede Evangélica Nacional de Ação Social). A RENAS é uma ampla rede de relacionamento entre as organizações evangélicas que atuam na área social, proporcionando encorajamento, capacitação, articulação, mobilização, troca de experiências, informações, recursos e tecnologia social.

Nos dias 27 a 29 de agosto, na Igreja Presbiteriana do Rio, acontece o IV Encontro Nacional da RENAS (maiores informações: http://www.renas.org.br).

Do processo da da RENAS, resultou uma discussão sobre o papel dos jovens, que amadureceu no sentido de criar um "setor de juventude": é a RENAS-Jovem. Seus objetivos são discutir, influenciar políticas públicas de juventude no Brasil, e fortalecer a participação da juventude evangélica dentro da Rede Nacional Evangélica de Ação Social (RENAS).

Ao final do encontro nacional, no dia 29 de agosto, à tarde, haverá o primeiro encontro da RENAS-Jovem. Mais informações em http://www.renasjovem.blogspot.com/.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Essa Marina

Quando eu pensava que a cena política brasileira tinha fechado as portas para as novidades (sejam elas boas ou más), surge o convite do PV para que Marina Silva dispute a presidência da república pelo partido em 2010.

Não tenho a (compreensível) ingenuidade que tive à época da eleição de Lula em 2002. Fiquei tão empolgado com aquele acontecimento inédito que só depois a ficha foi caindo de que, para governar, as contingências de sempre apareceriam. A tal governabilidade (o que é o PMDB, minha gente?), as grandes estruturas de poder brasileiras, o arrefecimento da ideologia petista etc.

Mas eu já cogitava fazer voto útil em 2010 ainda no primeiro turno, ou seja, escolher o candidato menos-pior-de-ruim-Deus-me-livre!, já que não estou tão disposto a anular como em outros pleitos.

Ok, votei em Cristovam Buarque e tive aquela leveza na consciência de que não desperdicei o meu voto - a não ser que eu almejasse ganhar a eleição. Mas Marina Silva, que nunca escondeu do governo, de seu chefe e da sociedade o quão difícil era ser Ministra do Meio-Ambiente no Brasil, surge como nova opção de candidata digna. Até de voto.

A candidatura de Marina assusta tanto o Planalto (e a oposição, não duvide) que Dilma Roussef já tentou convencê-la a não deixar o PT. Mas por que esse medo todo?

Primeiro, porque Marina Silva é Lula de saias: veio das classes baixas, ex-seringueira (o torneiro mecânico do Acre) e ainda tem uma história de luta política coerente. Além disso, é a encarnação da defesa do meio-ambiente e do desenvolvimento sustentável, vocação reconhecida internacionalmente. Quer bandeira mais na moda do que essa?

E ficou claro para a sociedade brasileira (ao menos, para a parcela que ainda se importa com os caminhos do país) que Marina incomodava o governo atual sendo fiel a seus princípios, a ponto de ter sido praticamente escorraçada em público da pasta do Meio-Ambiente. Lula acusou tanto o golpe que chamou o espalhafatoso Carlos Minc para sucedê-la.

Logo, a percepção dos eleitores é que Marina Silva saiu porque quis fazer um trabalho sério - e não porque era incompetente ou criou inimigos baseada em mesquinharia política. Ah, e a candidatura seria pelo Partido Verde - mais coerência, impossível. E é um partido com presença internacional pelo mundo, o que pode ajudar a ex-ministra.

Finalmente, Marina pode ser a (boa) novidade que bagunçaria o pré-determinado cenário das eleições 2010, com Serra x Dilma polarizando os extremistas atuais pró e anti-Lula, ambos os lados com a faca nos dentes sempre. Afinal, os decepcionados encontrariam uma nova esperança; os neutros poderiam ser simpáticos à causa "salve o planeta", ainda que não pensem muito a respeito; e a parcela oposicionista que quer o expurgo de Lula e sua herança ficaria satisfeita.

É claro que Marina não poderia governar se preocupando apenas com as questões ambientais, e teria que ter pulso firme pra ser chefe de governo. Além de gerenciar o relacionamento com o Congresso e suas bancadas. Será que ela tem perfil pra isso?

Entretanto, para um povo que carece de líderes que não só melhore suas condições de vida mas também ajude a combater males éticos, e ainda ser um exemplo nas causas globais...

E ainda é Silva.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Déjà vu


Estamos em 1989? Para entender, clique.

sábado, 1 de agosto de 2009

Dicas de investimento

"Se você parar pra pensar, quem foi o homem mais bem-sucedido, mais rico e poderoso de 1500? Você não lembra de ninguém. Mas se você perguntar quem foi o maior artista, todo mundo sabe que foi Leonardo da Vinci."

A partir dessa frase, ouvida em meio a um almoço com colegas de trabalho, continuei a refletir sobre as prioridades da vida. Só refletir não, decidir por elas também. Tentar arrumar na cabeça, no coração e no blog um monte de pensamentos que, definitivamente, estão me levando a algum lugar - a não ser que eu não escolha esse caminho.

Papos alucinógenos à parte, falarei logo sobre o que tenho pensado: lembrei de uma entrevista do filósofo Zygmunt Bauman, em que ele comenta sobre como somos movidos a estímulos nos dias atuais. Como se reagíssemos por espasmos a todo momento: precisamos da TV, da internet, de algum barulho ou agitação para nos sentirmos fazendo alguma coisa. Senão, é tédio. Perdemos o valor da meditação e do "estar à toa".

No meio disso tudo, também ainda teve o texto do Burger, com a excelente descrição de Kurt Vonnegut.

Fazendo a ponte com a frase do almoço, é impressionante como somos rodeados por convenções de pensamento (bem capitalistas) segundo as quais precisamos produzir, supervalorizar o trabalho, ter grana e ser bem-sucedido, o mais cedo possível, e que tudo isso é o ápice da vida. Não, não é.

Nós sabemos que não é. Sabemos que o dinheiro ajuda a trazer felicidade - uma vez que nos possibilita realizar muitas coisas - mas não é absoluto. Temos a vaidade humana do poder, mas sabemos que ele sempre será relativo. Temos as pulsões dos instintos de toda sorte, mas sabemos que o seu controle sadio é a chave para vivermos em sociedade.

"Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes", já dizia Jesus, ensinando a humildade. E que se estende ao parágrafo acima, na minha opinião. Embora não pareça ser uma missão nada fácil para a raça humana.

Podemos chegar a um ponto em que estamos estabelecidos numa profissão, com um salário razoável e desenvolvendo a carreira. Mas foi por isso que sonhamos? Não, embora sejam pilares indispensáveis para o mais importante: transformar os sonhos em projetos, e os projetos em realidade.

E por que deixar de lado coisas simples da vida, mas que valem tanto a pena? Dormir até mais tarde, ver futebol, escrever no blog e sei lá o que mais, desde que seja simples e desinteressado.

Então, na hora de pensar nas prioridades de vida, penso no que vou investir. Serei profissional sempre, mas não posso dar folga pros sonhos. Esses não têm feriado, e precisam que eu faça as escolhas certas para continuarem sobrevivendo.

Não sei se Leonardo da Vinci pensou isso tudo, mas eu vou com ele.