segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Beagá

Por motivos familiares, fui a Belo Horizonte pela primeira vez há pouco. Não tinha expectativas quanto à cidade, e só de não ter praia (sequer um litoral) já era motivo pra não me empolgar. Mas além de ser muito bem acolhido, pude visitar alguns lugares interessantes, embora nem tenha feito o turismo que gostaria. O melhor da viagem foi descobrir que tenho uma ligação afetiva com a cidade de maneira indireta, graças a Carlos Drummond de Andrade e Fernando Sabino.


Já tive a honra de conhecer vários mineiros no ambiente de trabalho, que foram bons embaixadores de sua terra natal. Mesmo a eterna rivalidade entre Atlético-MG e Flamengo não contribuiu para qualquer animosidade pessoal em relação a Minas.

Na semana anterior à viagem eu assisti a uma aula sobre Juscelino Kubitschek, que fez de BH o ensaio para Brasília, em companhia de Niemeyer. Passeando pela cidade, vi as comprovações disso, seja no centro histórico ou na Pampulha. Foi bom estar diante da história recente do Brasil, como acontece ao passar pelos pilotis do prédio do Ministério da Educação, no Centro do Rio.

O que me chamou a atenção foi que, mesmo ficando apenas um final de semana, gostei demais de Belo Horizonte, querendo voltar logo. Mas se pouco vi, nunca tinha ido, não tenho nada na minha história que remeta à cidade... Por que essa sensação?

Foi quando comecei a me dar conta de que havia, sim, algo na minha história. Minas Gerais e sua capital sempre foram muito próximos de mim, graças à turma de escritores mineiros radicados no Rio. Que não conheci pessoalmente, mas é como se fosse.

Drummond e Fernando Sabino, em suas poesias e crônicas, e em seus relatos biográficos, falaram muito de sua terra e de seus amigos Pedro Nava, Otto Lara Resende, Hélio Pellegrino, Paulo Mendes Campos e tantos outros. Belo Horizonte e Itabira conheço bem, só pelos relatos.

E a influência do poeta e do cronista em mim... Bom, é melhor você ler aqui e aqui pra entender o que estou dizendo.

Aí compreendi tudo. Vi que Minas já habitava meu inconsciente desde a adolescência, no que foi um efeito colateral da sedução literária que esses renomados senhores produziram neste então leitor.

"Minas não há mais", disse Drummond em um de seus versos depois de ter fincado raízes no Rio de Janeiro. Fico na expectativa de fazer o caminho inverso, esperando encontrar mais de Minas. Ou ver materializado diante de mim tudo o que nunca esqueci ao ler sobre o lugar com minhas retinas tão fatigadas.

(FOTO: prédio projetado por Niemeyer e construído por JK, no centro de Belo Horizonte/arquivo pessoal)

2 comentários:

Quênia disse...

Deu um pulinho no museu de Inhotim, em Brumadinho? É demais.

Marcos André Lessa disse...

Nada, fui muito rápido e já estou preparando meu roteiro pra segunda viagem!