sexta-feira, 26 de abril de 2019

NOTRE





 Por que choramos quando um prédio se vai?

Talvez porque ali havia história, arte, cultura. Coisas que fazem parte de nós mesmo que não admitamos. Que mexem conosco, passando por cima de nossos recalques. Que dão graça à vida, deixando roucos os oportunistas políticos.

Paris, Rio ou mesmo a cidadezinha do interior. Todas com história, arte e cultura, conforme a proporção e a projeção no cenário geográfico, no imaginário.

Mas não vivemos sem história, arte e cultura. Não adianta tentar apagar, diminuir, sufocar qualquer uma delas. Como a flor do asfalto de Drummond ou uma fênix teimosa, permanecem. No mundo. Em nós.

Devemos cuidar de nossos museus. A França deve restaurar a Notre-Dame, como já o fez com outros monumentos.

Mas a Notre-Dame da memória afetiva de cada um de nós - os que visitaram, os que só conheciam de filme e leitura - jamais pegará fogo. Em nenhum sentido.

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