Parece que é sério. Está em curso uma reforma da língua portuguesa que traria mudanças, a fim de unificar o idioma nos países lusófonos em todo o mundo. Com todas as vantagens que isso pode acarretar (dicionário único, economia devido a uma ortografia apenas), vai soar estranho. Acentos como o circunflexo, o popular "chapeuzinho", podem ser extintos. Palavras como "vôo" virariam "voo", por exemplo. Credo!
Mas nada é mais trágico do que a extinção do trema. Tão simpático, por que ser extinto? Há quem não sinta a menor afeição por ele, e dá graças pela reforma. Mas tem o seu charme. Finalizamos a palavra com todo esforço e pingamos dois pontos flutuantes em cima do U, e c'est fini, feito uma cereja no bolo recém-confeitado. Esteticamente, cumpre o seu papel com fineza.
O trema não faz mal a ninguém. Sua regra não é confusa, e não disputa lugar com outros acentos. É só no U, e acabou. É discreto, simples, fácil de grafar e administrar. Por que a implicância com ele? Pois devia ser aplicado em Portugal, Angola, Macau e demais plagas de lusa fala. Seria uma demonstração diplomática de boa vizinhança. E sem grandes custos: apenas um pouquinho de tinta espetada no papel. Ou melhor, dois pouquinhos.
Não vou mais comer cachorro-quente com lingüiça, escrever com freqüência, ver a seqüência de vitórias do Mengão, ou ler tranqüilamente. Conseqüentemente à reforma, não haverá mais conseqüencias.
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