quarta-feira, 21 de maio de 2008

O pânico que "não" existiu


É aterrorizante ler o relato da leitora Claudia Freitas sobre a pane no metrô do Rio de Janeiro, na segunda dia 19. Em alguns momentos, parece que estamos diante de cenas do livro "Ensaio sobre a cegueira", de José Saramago.

Mas a parte mais chocante do relato (pra mim, que não estava no metrô) é a atitude da concessionária do Metrô Rio em negar que os fatos aconteceram. Se alguém é tratado assim após narrar fatos que viveu, imediatamente começa a duvidar de sua própria sanidade mental.

O Metrô Rio está afirmando que tudo não passou de uma alucinação coletiva?

A incompetência na prestação do serviço de forma adequada não é mais novidade. Já acontece nas Barcas S.A., na SuperVia, e agora no superlotado Metrô, que inventa integrações das quais não pode dar conta com o número de vagões que possui.

Mas negar descaradamente que a pane aconteceu dá indícios de vilania e mau-caratismo.

Agetransp, secretarias de Transporte, Governo do Estado... quem vai dar um jeito nisso? Sergio Cabral parece preocupado apenas em criar novos meios de transporte pra continuar enchendo os cofres da iniciativa privada.

PS: o presente post (com as necessárias adaptações de texto) foi encaminhado para a Agetransp, para a Secretaria Estadual de Transporte, para a secretária de Sergio Cabral e para o SAC do Metrô Rio.

Um comentário:

André Marques disse...

Fala Marcos. É uma pena que eu não estivesse com nenhuma câmera no momento para registrar e servir de prova, mas eu estava no primeiro vagão do metrô que sofreu a pane e garanto que houve sim um problema.
O metrô saiu da estação de Estácio, andou uns 400 metros e parou. O condutor a princípio só disse que ficaríamos parados uns instantes. Até aí normal. Passados uns 5 minutos, o condutor informa que havia problemas na composição e que estavam trabalhando para resolver. Mais 15 minutos, o condutor diz que a composição estava avariada e por isso retornaria à estação de Estácio. A partir dali, as pessoas começaram a ficar apreensivas. Alguns temiam que um trem no sentido contrário batesse no nosso (fato improvável, é verdade). Eis que algumas pessoas começaram a passar mal com falta de ar. Uma senhora estava a ponto de desmaiar quando alguns homens resolveram abrir uma das portas "na marra" para que pudesse entrar ar no vagão. Nisso, um dos agentes do metrô que caminhava pela via, notou e chegou a reclamar do fato, parecendo não se importar que a mulher poderia morrer. Depois de cerca de meia hora parados, o condutor saiu de dentro da cabine, pediu a todos para ficarem calmos para que ele pudesse resolver o problema. Ou seja, havia de fato um problema. O condutor então foi caminhando pelo vagão, abriu um alçapão e mexeu em algum mecanismo. Nisso, foi para o outro vagão. Após 45 minutos parado no túnel, eis que o metrô começa a andar lentamente para São Cristóvão, fato no mínimo curioso, já que haviam dito que voltaria para Estácio (que inclusive estava bem mais perto). Andando bem devagar, o metrô finalmente chegou em São Cristóvão, onde já haviam bombeiros e médicos aguardando possíveis enfermos. Só quando saí do metrô é que notei que ele havia sido rebocado por outro metrô, por isso a velocidade tão baixa. Cheguei a ficar um tempo na estação, mas a Metrô Rio não fez um comunicado sequer. O jeito foi eu ir embora e dar meu jeito de chegar em casa. Àquela altura, nem revolta eu tinha mais, só alívio por nada mais grave ter acontecido comigo ou com outro passageiro.