domingo, 19 de outubro de 2008

O artifício é o mesmo

A polícia de São Paulo é questionada quanto à sua atuação no desfecho do seqüestro da jovem Eloá por seu ex-namorado. Ela está em coma irreversível, após ser atingida por tiros que, a princípio, partiram do seqüestrador.

Não darei detalhes do caso, que está sendo, conforme esperado, amplamente divulgado (e explorado) pela mídia. Mas o governador de São Paulo, José Serra, não precisa se preocupar com as justificativas para a opinião pública. É só usar do mesmo artifício que o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral: praguejar.

Policiais mataram o pequeno João Roberto, metralhando o carro que pensavam ser de traficantes? "São uns débeis mentais", vociferou Cabral. Médicos não compareceram ao plantão do Hospital Estadual Getúlio Vargas? "Canalhas", vaticinou o governador. O diretor de Bangu 3 foi assassinado? "O Rio está em guerra".

A atitude esquentadinha e declaratória de Sergio Cabral é destacada em primeira página, assim como as subseqüentes promessas de investigações acuradas e melhoria no serviço a ser prestado. E ponto. Cabral segue governando sem mais cobranças - até a próxima tragédia.

As perguntas (que não foram feitas ao governador), seguem no ar: se são debéis mentais, como podem fazer parte da polícia de sua Secretaria de Segurança, excelência? Quais as condições de trabalho que sua Secretaria de Saúde dá aos "canalhas"? Se o Rio está em guerra, onde está a eficácia de sua política de segurança, que completa 2 anos?

Serra, abre o olho: praguejar pode ser mais "jogo" pra você do que tentar qualquer explicação racional.

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