O artifício é o mesmo
A polícia de São Paulo é questionada quanto à sua atuação no desfecho do seqüestro da jovem Eloá por seu ex-namorado. Ela está em coma irreversível, após ser atingida por tiros que, a princípio, partiram do seqüestrador.
Não darei detalhes do caso, que está sendo, conforme esperado, amplamente divulgado (e explorado) pela mídia. Mas o governador de São Paulo, José Serra, não precisa se preocupar com as justificativas para a opinião pública. É só usar do mesmo artifício que o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral: praguejar.
Policiais mataram o pequeno João Roberto, metralhando o carro que pensavam ser de traficantes? "São uns débeis mentais", vociferou Cabral. Médicos não compareceram ao plantão do Hospital Estadual Getúlio Vargas? "Canalhas", vaticinou o governador. O diretor de Bangu 3 foi assassinado? "O Rio está em guerra".
A atitude esquentadinha e declaratória de Sergio Cabral é destacada em primeira página, assim como as subseqüentes promessas de investigações acuradas e melhoria no serviço a ser prestado. E ponto. Cabral segue governando sem mais cobranças - até a próxima tragédia.
As perguntas (que não foram feitas ao governador), seguem no ar: se são debéis mentais, como podem fazer parte da polícia de sua Secretaria de Segurança, excelência? Quais as condições de trabalho que sua Secretaria de Saúde dá aos "canalhas"? Se o Rio está em guerra, onde está a eficácia de sua política de segurança, que completa 2 anos?
Serra, abre o olho: praguejar pode ser mais "jogo" pra você do que tentar qualquer explicação racional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário