sábado, 1 de agosto de 2009

Dicas de investimento

"Se você parar pra pensar, quem foi o homem mais bem-sucedido, mais rico e poderoso de 1500? Você não lembra de ninguém. Mas se você perguntar quem foi o maior artista, todo mundo sabe que foi Leonardo da Vinci."

A partir dessa frase, ouvida em meio a um almoço com colegas de trabalho, continuei a refletir sobre as prioridades da vida. Só refletir não, decidir por elas também. Tentar arrumar na cabeça, no coração e no blog um monte de pensamentos que, definitivamente, estão me levando a algum lugar - a não ser que eu não escolha esse caminho.

Papos alucinógenos à parte, falarei logo sobre o que tenho pensado: lembrei de uma entrevista do filósofo Zygmunt Bauman, em que ele comenta sobre como somos movidos a estímulos nos dias atuais. Como se reagíssemos por espasmos a todo momento: precisamos da TV, da internet, de algum barulho ou agitação para nos sentirmos fazendo alguma coisa. Senão, é tédio. Perdemos o valor da meditação e do "estar à toa".

No meio disso tudo, também ainda teve o texto do Burger, com a excelente descrição de Kurt Vonnegut.

Fazendo a ponte com a frase do almoço, é impressionante como somos rodeados por convenções de pensamento (bem capitalistas) segundo as quais precisamos produzir, supervalorizar o trabalho, ter grana e ser bem-sucedido, o mais cedo possível, e que tudo isso é o ápice da vida. Não, não é.

Nós sabemos que não é. Sabemos que o dinheiro ajuda a trazer felicidade - uma vez que nos possibilita realizar muitas coisas - mas não é absoluto. Temos a vaidade humana do poder, mas sabemos que ele sempre será relativo. Temos as pulsões dos instintos de toda sorte, mas sabemos que o seu controle sadio é a chave para vivermos em sociedade.

"Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes", já dizia Jesus, ensinando a humildade. E que se estende ao parágrafo acima, na minha opinião. Embora não pareça ser uma missão nada fácil para a raça humana.

Podemos chegar a um ponto em que estamos estabelecidos numa profissão, com um salário razoável e desenvolvendo a carreira. Mas foi por isso que sonhamos? Não, embora sejam pilares indispensáveis para o mais importante: transformar os sonhos em projetos, e os projetos em realidade.

E por que deixar de lado coisas simples da vida, mas que valem tanto a pena? Dormir até mais tarde, ver futebol, escrever no blog e sei lá o que mais, desde que seja simples e desinteressado.

Então, na hora de pensar nas prioridades de vida, penso no que vou investir. Serei profissional sempre, mas não posso dar folga pros sonhos. Esses não têm feriado, e precisam que eu faça as escolhas certas para continuarem sobrevivendo.

Não sei se Leonardo da Vinci pensou isso tudo, mas eu vou com ele.

3 comentários:

ClarissaMach disse...

Pois é, Lessa, é preciso refletir sobre o que nos importa... o poder ou a glória? Poder, Leonardo nunca teve muito, pelo menos não em vida. Até ao clã dos famigerados Bórgia teve de servir para ter meios de realizar seus projetos. Mas entrou para a história. Até um estudante ignorante de segunda grau já ouviu falar em Leonardo DaVinci, mesmo antes do lançamento do best-seller... Nunca teve poder, mas teve a Glória.

Luiza Burger disse...

Sensacional o texto. Como sempre. Bjs Ló

aureliano22 disse...

Grande Lessa
Essa inquietação nos consumirá as entranhas até que encontremos o por que fomos feitos. Até que possamos compreender o propósito para o qual fomos criados. A missão.
Todos temos uma. É preciso encontrá-la para fazer sentido, a vida.
A missão tem um que de sonho, misturado com desejo profundo de realizar-se, realizando-a.
Que Ele te abençoe
Abração. Forte
André