Os esdrúxulos são inocentes
Começou o horário eleitoral gratuito, e já circulam pela internet vídeos e ficha de inscrição eleitoral de candidatos bizarros ou que não estão muito certos do que fazer num cargo público. Você já deve ter recebido uma lista dessas. A minha mostrava Tiririca, Mulher Pêra e Ronaldo Esper.
A revolta toma conta dos eleitores. Há quem se pergunte se foi pra isso que retornamos à democracia, deixando no ar uma leve nostalgia fascista. Ora, será que o sistema democrático é o culpado de tais elementos se atreverem a legislarem sobre nosso país?
Não. Os responsáveis são os partidos que bancam suas candidaturas.
Isso foi apontado pelo deputado Chico Alencar em seu twitter, e gostaria de desenvolver esse aspecto aqui. Qualquer um pode chegar num diretório de um partido e dizer que quer se candidatar. Todos têm esse direito, até analfabetos. Mas é a legenda que vai permitir que a candidatura se concretize e que o dito cujo corra o risco de nos representar em Brasília.
Não estou exortando que haja discriminação. Mas será que os candidatos esdrúxulos concordam com os ideais dos partidos aos quais se filiam? Ou: os partidos apresentam uma base sólida e autêntica em seus idéarios para servir de referência e provocar a identificação dos aspirantes a candidatos?
E ainda: esses candidatos estão preparados para uma possível vitória, no que tange a direitos e deveres do congressista, bem como sua responsabilidade sobre os destinos da nação? Sabem como é o dia a dia da Câmara, do Senado, do Poder Executivo? Os partidos, ao autorizar as candidaturas, chancelam que sim.
Li na revista Piauí uma matéria sobre o Supremo Tribunal Federal, a instância máxima do Poder Judiciário. Ali vi a informação que cada ministro do STF, após ua indicação, tem o seu nome levado ao Senado, para ser aprovado ou rejeitado.Veja bem: o integrante da mais alta corte judiciária do país tem o seu nome avalizado pelos senadores.
Visualizei logo Wellington Salgado, Gim Argello e outros integrantes do Senado no mandato atual fazendo esse papel... Sem contar o sem-número de leis que destinam milhões de reais de impostos para os mais diversos fins. Um esdrúxulo poderá decidir isso um dia, é só ser eleito. E pra ser eleito, tem que ser registrado como candidato. Para conseguir um registro, deve ter o nome aprovado pelo partido.
Podemos (e devemos) rir e expôr o ridículo de termos tantos candidatos bizarros pedindo o nosso voto. Mas não podemos esquecer que eles são inocentes pelo fato de conseguirem se candidatar. Canalizar a raiva perguntando aos partidos por que admitem essa situação é o melhor remédio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário