E disse Deus
Diante de mais um desastre natural, dessa vez no Japão, surge o sentimento de choque com as consequências para a raça humana. Quase que simultaneamente, a pergunta (que, dependendo da crença pessoal de cada um, pode vir em tom acusatório ou desolado): por que Deus permitiu isso?
Bom, a natureza e seus fenômenos estão aí desde sempre. Dinossauros podem ter sido extintos por um deles, a cidade de Pompéia sumiu debaixo da lava de um vulcão, terremotos, tornados, tsunamis não são mais acontecimentos inéditos.
Como bem definido por um amigo meu, só é catastrófe porque nós, humanos, estamos no meio do caminho. O problema - como apontado pelo jornal Extra - é que ainda temos a ilusão de controle.
Dessa vez a tragédia não aconteceu numa periferia do mundo, como Tailândia ou Bangladesh. Foi numa das maiores potências. Famosa, vejam só, pela capacidade de criar tudo que é tecnologia que ajude o homem a pensar que está no comando. Por que Deus é tão irônico?
Os que creem nesse Deus aproveitam a oportunidade para tripudiar dos céticos materialistas.
Os céticos materialistas aproveitam a oportunidade para constranger os que creem nesse Deus que permite tudo isso.
Tô fora de ambas as correntes, mas concordo com o Extra.
Uma tragédia dessas proporções não nos apequena, apenas nos devolve à nossa real condição. Um tsunami é uma auto-análise forçada, porém necessária. Quebra o encanto.
Um desastre nacional, com repercussão mundial, mostra que diante da natureza (ou de Deus?) não há classe social, acúmulo de riquezas, VIPs, segurança total e absoluta.
Somos absurdamente iguais uns aos outros. Uma só raça, a humana. A frágil e marrenta raça humana.
2 comentários:
Gostei do texto. Tem uma matéria interessante na Veja desta semana (sei que parece um oxímoro isso que escrevi, mas é verdade!) afirmando que Voltaire, à época do terremoto que varreu 3/4 da população Lisboeta da face da terra em 1755, aproveitou aquele incidente para refutar a existência de Deus.
Muito bom.
bjs, Luiza
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