Não gosto de nada simplista: argumentos, pontos de vista, opiniões, raciocínios. Não somos simples, nossos contextos humanos não são simples.
Sem confusão: simplicidade é uma jornada que facilita a nossa existência; simplismo, uma prisão invisível.
Não gosto de me extremar num polo e ali fincar orgulhosamente minha bandeira. Embora não deva servir de atalho ou justificativa para a incoerência ou para o cinismo, a flexibilidade é necessária, com a companhia da humildade.
Não gosto de reduzir discussões políticas ao espírito de um Gre-Nal, ou Fla-Flu das antigas.
Não gosto de rotular e, a partir de então, fechar meus ouvidos para aquele a quem rotulei.
Não gosto de me sentir dono da razão, nem de admirar os que se portam assim.
Não gosto de fundamentalismos de nenhuma ordem. Aliás, o fundamentalismo não é monopólio de nenhum estrato da sociedade.
O simplismo tenta, mas não dá conta da complexidade da nossa existência. E quanto mais insistimos nele, mais regredimos. Da tolerância voltamos ao ódio; do debate, à guerra; da troca de ideias, aos grunhidos e xingamentos.
E tome expectativas frustradas. "Ué, mas me disseram que funcionava assim. O buraco é mais embaixo, então?".
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Raul Seixas constatou o óbvio em forma de música: que não somos minerais, robôs ou animais pra sermos imutáveis, sólidos. A teimosia é sempre irritante, seja qual for o assunto.
Ainda mais se for simplista.
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