quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Os cínicos no poder


De novo as barcas. Daqui a pouco serão os trens (de novo), o metrô (de novo), sobrecarregando os extorsivos ônibus (de novo). A população do Rio de Janeiro está cansada desse déja vù. Ainda mais sabendo que é motivado pelo cinismo e por uma agenda oculta das autoridades públicas responsáveis.


A charge de Chico Caruso é impecável. Traduz para o mundo qual a situação atual do Rio de Janeiro, apesar dos esforços de marketing visando Copa e Olimpíadas. O chargista informa melhor do que o próprio jornal em que trabalha, que ultimamente tem sido uma extensão dos Diários Oficiais. Comunica os fatos do governador e do prefeito sem questionar. E ainda advogam em defesa deles.

As barcas são mais um episódio caótico da gestão do tranporte público fluminense. Todo mundo sabe que o dono da concessão é também dono da 1001, empresa de ônibus que trafega pela ponte Rio-Niterói. Todo mundo sabe o estado de algumas barcas, como a que estava sem freio. (Aliás, mesmo problema do bonde de Santa Teresa também estavam sem freio).

O metrô do Rio também é uma concessão indecente de tão ruim (pergunte a qualquer passageiro o que é "frenagem busca"), a Supervia chega a ser pornográfica. Não raro, os próprios usuários são responsabilizados pela condição do serviço prestado. No caso dos trens é crime abrir as portas durante o trajeto, você tem que morrer sufocado na superlotação...


O cinismo chegou a tal ponto que a Agetransp continua lembrando que o aumento de passagens está previsto. O governo do Estado, conforme seu arauto Globo, não vai permitir o aumento no percentual pedido. Ou seja, aumento vai ter, e já em 2012. Mas novas barcas, estações mais espaçosas, tripulação eficiente e treinada... Isso fica sempre pra depois.

O governo do Estado poderia interromper a concessão, a Agetransp poderia fazer um mínimo de regulação e permitir aumentos de tarifa apenas após as melhorias prometidas. Mas se escolhem não fazer isso, estão deliberadamente sabotando a população.

E o carioca vai sendo torturado a olhos vistos: enquanto o mundo maravilhoso da Copa e das Olimpíadas é evocado em nome do Rio de Janeiro, metrô, trem e barcas nos tratam como vermes. Vermes que ainda são obrigados a pagar mais pela tortura.

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