terça-feira, 2 de julho de 2013

Dois fins em nome de um fim

Se a presidenta encaminhou sugestões ao Congresso para compor o plebiscito da reforma política, o presente blogueiro resolveu fazer o mesmo, daqui desta tribuninha. Há dois extermínios que poderiam ser encaminhados e que seriam denominadores comuns a tudo o que está sendo protestado: o fim da imunidade parlamentar e o fim da aposentadoria para ex-ocupantes de cargos eletivos.



A imunidade parlamentar é um atalho para a corrupção. Afinal, o vencedor das eleições para o Congresso vira, de uma hora pra outra, um cidadão acima dos demais. Se cometer os mesmo crimes que uma pessoa comum, será julgado de forma incomum, só nas instâncias sobrecarregadas do Supremo Tribunal Federal e sua fogueira de vaidades.

Fora esse desvio ético pornograficamente garantido por lei (é o primeiro golpe dos representantes aos representados: recebem a licença para prevaricar com mais desenvoltura graças ao voto), a chance de acontecerem situações bizarras é grande. Paulo Maluf, condenado na justiça internacional a devolver dinheiro aos cofres públicos brasileiros e procurado pela Interpol, pôde se candidatar a deputado e ganhar 700 mil votos. Devidamente imuno, acaba de ser eleito presidente do PP paulista. Intocável.

Quantos outros já não se beneficiaram da condição absurda? Quantos já não contam com a benesse enquanto arquitetam futuros planos malignos? E de nada adianta levar a corrupção ao status de crime hediondo se existir a imunidade.

Pra reduzir 20 centavos da passagem foi um chororô dos governantes. A falta de recursos e o tamanho do Estado brasileiro são frequentemente alegados para que as demandas da população e os serviços públicos básicos não sejam atendidos. E o que dizer das aposentadorias vitalícias de ex-ocupantes de cargos públicos, esse verdadeiro ralo de dinheiro?

Se o cara foi presidente, governador, senador, deputado, prefeito, vereador UMA VEZ, já tem direito a proventos eternos no valor de seu salário de então, mesmo que volte a suas atividades profissionais.  Sem contar os reajustes feitos em causa própria mil vezes, que só aumentam o rombo do Tesouro Nacional. Toda vez que me dou conta da matemática desse troço preciso me segurar pra não virar vândalo de uma hora pra outra.

Enfim, o plebiscito poderia conter duas perguntinhas simples: "Você é a favor do fim da imunidade parlamentar?" e "Você é a favor do fim das aposentadorias vitalícias para cargos eletivos?". Quem protesta contra a corrupção, contra a falta de espírito público dos representantes, contra o mau uso do dinheiro público, contra a falta de recursos para serviços públicos - creio que todos se sentiriam atendidos se pudessem responder a essas duas questões nas urnas. E aí só quem estivesse mesmo interessado em servir ao país sem segundas intenções tentaria a vida pública.

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