quinta-feira, 2 de julho de 2015

Um brasileiro e os brasileiros



Esse livro é absolutamente essencial para todo brasileiro ler. 


Tive contato novamente com ele a partir da postagem de um trecho no Facebook:

"Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados.Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos. Descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre servos da malignidade destilada e instalada em nós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para doer mais, quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças convertidas em pasto de nossa fúria.

A mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista. Ela é que incandesce, ainda hoje, em tanta autoridade brasileira predisposta a torturar, seviciar e machucar os pobres que lhes caem às mãos".

Na minha opinião, "O povo brasileiro" deveria ser abordado nas escolas. Ajuda a entendermos porque somos como somos, como nos formamos, numa linguagem acessível e nada rasa. A despeito de Darcy assumir que fala de um ponto de vista político (o que pra mim conta pontos no quesito transparência), não é uma obra ideológica. 

Cheguei ao final da leitura feliz em ser brasileiro, mesmo ciente das nossas mazelas, mas sem me sentir desincentivado a buscar uma construção singular da nossa história, como singular é o Brasil. Assim como Drummond, queria muito ter conhecido Darcy em vida. Visitar o seu memorial na UnB me fez chorar de orgulho - e de lamento pelas derrotas que seu legado sofreu.

Se der preguiça de ler, fizeram um documentário abordando cada capítulo, disponível no YouTube. Só os primeiros 50 segundos já dão água na boca:

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