sábado, 26 de abril de 2003

Pequenas anotações educacionais

Solidarizei-me com o Ministro da Educação Cristovam Buarque ao ler sua entrevista a Míriam Leitão no GLOBO de hoje (26/04). Como todos sabem, o ministro é, por vocação, obcecado pela educação. É dele a idéia metafórica da “segunda abolição” em relação à desigualdade social. Cristovam relembra o contexto da abolição da escravatura, que se deu devido a vários procedimentos históricos, mas algo foi principal: já não era viável para ninguém que a escravidão continuasse. E isso no sentido mais literal da coisa: não era viável social nem economicamente, de modo que a situação chegou a um nível em que não havia outra solução senão libertar os escravos.

Paralelamente, o ministro afirma que a desigualdade social está chegando em níveis parecidos. A escalada da violência, a miséria cada vez mais impossível de se ignorar, o “apartheid” entre os que têm e os que não têm, tudo isso somado à “sensibilidade” da sociedade de consumo, que começa a perceber o quão caro está ficando manter essa desigualdade, gastando rios de dinheiro com a indústria da segurança, por exemplo.

Com esse embasamento, o ministro está lutando para que a educação seja uma prioridade no governo atual. E ninguém em sã consciência pode negar que a erradicação do analfabetismo e um ensino/aprendizado de qualidade no mínimo faz com que os cidadãos se vejam como tal, esclarecendo-se e em maiores condições de diminuir o abismo da desigualdade.

Mas minha solidariedade com o ministro foi quando ele respondia à crítica feita pelo economista José Márcio Camargo ao programa de alfabetização de adultos, dizendo que é preciso concentrar-se nos jovens. Do contrário, em alguns anos haverá 40% de brasileiros (crianças de hoje) que não terão completado o 1º grau. Ao que o ministro respondeu:

“Respeito o economista e acho que está em boa companhia. Meu mestre, Darcy Ribeiro, pensava assim também. Mas eu não quero fazer essa escolha de Sofia. É como chegar em casa e ver sua mãe e seu filho doentes e levar apenas o filho ao médico: quero salvar avó e neto. Sei que, do ponto de vista econômico, este raciocínio de esquecer os velhos faz sentido. Mas não acho que ele faça sentido do ponto de vista ético.”

Aí está o terrível dilema do ministro. Sua última frase é emblemática, em um mundo no qual sabemos mais o que é risco-Brasil e superávit primário do que Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério). O lucro sempre existiu, mas a que ponto se chegou? Faz sentido esquecer os velhos na sociedade de consumo voltada quase que exclusivamente para pessoas de 12 a 30 anos (no caso, eu)? Pior é que faz. Como para muitos faz sentido diminuir o valor da educação, como se esta não fosse em boa parte responsável pela dignidade humana – muito mais do que os cifrões.

Ouço com certo alívio o compartilhar de Cristovam Buarque de não se render ao monetarismo que transforma a ética em mais um item de prateleira. E aí eu dou uma “panfletada” meio sem querer, já que não é este o objetivo do blog. Para os que duvidavam que a esperança venceu o medo, eis um lampejo de que isso ainda é verdade. Pelo menos no Ministério da Educação.

quinta-feira, 24 de abril de 2003

Você é estúpido, ignorante e burro!

É o que certos órgãos de imprensa parecem nos dizer a cada notícia por eles veiculada. O Jornal da Globo está sendo campeão disso, principalmente com a cada vez mais estrelinha Ana Paula "Podrão", atual capa da revista Nova (!!!). Hoje a matéria que fechava o jornal era sobre as possíveis cirurgias plásticas as quais Saddam Hussein poderia ter se submetido para escapar do cerco do Bush.

O assunto em si já é estapafúrdio, mas eles não se dão por satisfeitos na tarefa de nos tratar como está expresso no título desse artigo. Para isso, fazem uma longa "reportagem", olha só: de acordo com cirurgiões de Houston, Texas (terrinha do Bush, olha q coincidência!!) Saddam PODERIA TER PASSADO por cirurgias de até 9 horas de duração. Enquanto a Podrão narrava, fotos de Saddam, ao lado de suas POSSÍVEIS mudanças no rosto, indicadas com setinhas!

Jornalisticamente, tudo é um desastre. Primeiro: que legitimidade tem uma fonte americana do Texas (a ÚNICA consultada) pra falar sobre o destino de Saddam? (Chega a ser infantil a tentativa de explicar como os poderosos ianques destruíram tudo no Iraque mas deixaram escapar o vilão da história). Fora a nova mania da imprensa: usar o verbo no condicional, eximindo-se da obrigação de checar a veracidade dos fatos. Se PODERIA ser e não é, qual o problema? Eu poderia não ter dito nada disso, mas disse. Que diferença vai fazer? A imprensa nega o que sempre foi a sua principal virtude: investigar com responsabilidade. E como poderia se precisar onde Saddam fez as "mexidas" no rosto, dizendo até a duração da cirurgia? Chutômetro da pior qualidade, eu inventaria melhor.

Mas o pior é veicular isso num dos jornais mais assistidos do país. Na boa, se João Kleber noticiasse o absurdo acima, quem daria crédito? Afinal, é o estilo do cara, concorda? E o Jornal da Globo chegou nesse nível.

O que irrita é tratar os telespectadores como idiotas. Pensar que não vamos achar ridículo fofocas sobre botox que Saddam botou... Francamente, tá me achando com cara de quê? De Bush?

sábado, 19 de abril de 2003

Ai, a realidade...

“De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo.” Esse adágio da Lei de Murphy caracteriza perfeitamente os rumos da televisão brasileira, principalmente a aberta. Os exemplos são inúmeros, impossível abordar como gostaria todos eles. Fiquemos com a edificante Guerra do Sono, no programa do magnânimo Luciano Huck.

A idéia, como vigora na maioria dos reality shows, nada tem a ver com humanidade. Proibir a alguém o necessário descanso diário da consciência pareceria insano se viesse dos nazistas, fundamentalistas islâmicos, traficantes... Mas é no sábado à tarde da Globo, então tá tranqüilo.

O esquema do programa é igualzinho aos BBBs, com direito a confessionário e gincanas promovidas pela produção - para que os telespectadores não tenham a chance de se dar conta de como aquilo tudo é muito chato... Afinal, é ver na TV gente grogue e remelenta recusando-se a dormir! O que mais?

De qualquer forma, o que me levou a escrever esse artigo foi observar o programa hoje (19/04). Ouço Luciano Huck anunciando aos insones que eles iriam contar com a presença dos Lusíadas. Não entendi. Mas me atemorizei mesmo quando ouvi a frase do dono do Caldeirão: “Porque Guerra do Sono também é cultura!”. O que seria a cultura promovida por Luciano Huck na Guerra do Sono??? (É curioso que virou bordão a frase “... também é cultura!”. A cultura ficou renegada ao também, ao segundo plano, a algo mais que não o principal, ou essencial. E as coisas mais esdrúxulas possíveis ganham assim a licença de se dizer portadoras de cultura.)

Eis que entra na casa dos insones um senhor desconhecido portando na mão um exemplar de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões. Ele começou a declamar e então percebi que era pra dar sono aos participantes!! O primeiro grande poeta da língua portuguesa ficou reduzido a sonífero de desmiolados!

Para os que acham que estou pegando pesado, o programa se encarregou de falar por mim: clipes com depoimentos dos insones foram mostrados em seguida. O primeiro já falava por todos: “Eu nunca li poesia, mas gosto quando falam (recitam) pra mim”. Outro se dirigia ao que declamava, claramente ansiando por uma negativa: “você vai até o final (do livro)?”. Não havia como negar que ali estava representada uma boa parte do Brasil.

A média de idade dos participantes não deve passar dos 20 anos. Todos frutos vivos de uma geração criada pela “babá eletrônica”, habituados a desprezar as demais faces da cultura - tão necessária como outros direitos humanos básicos, como anuncia este blog. Ou que coloca a leitura e o exercício do pensar como característicos dos “intelectuais” ou dos “nerds-que-não-aproveitam-a-vida-e-não-pegam-ninguém”. E a cultura das celebridades de hoje estimula (e necessita de) gente com essa atitude.

Como eu disse a uma amiga, aos que vêem algum sentido nas linhas aqui proferidas, resta-nos ser os heróis da resistência. Nossa crítica deve ser exercida na medida ideal, sabendo discernir quando querem nos fazer de “videotas” e conseguir compartilhar tais percepções, tão combatidas pela alienação desejada pelos donos do poder.

Há pouco li que o inventor da televisão, pouco antes de morrer, foi abordado por alguém que lhe perguntou qual a melhor coisa de seu tão popular invento. E ele respondeu: “o botão de desligar”.

sábado, 12 de abril de 2003

Os neobobos

Esta semana recebi um e-mail da Marcia, namorada do João Pedro, dois grandes amigos meus. Devidamente autorizado, transcrevo o que ela disse:

“Oi galera,

Hoje, dia 8, foi publicada uma matéria sobre a guerra no Jornal do Commercio em que é mostrada a foto de um menino de 12 anos. Seu nome é Ismaeel. Enquanto dormia, sua casa foi destruída, seus pais e nove parentes morreram e esse menino teve o corpo queimado e perdeu os dois braços. Sei lá, pode parecer bobeira minha, eu sei que os jornais divulgam essas fotos pra comover mesmo, mas eu me senti muito, muito, muito mal por não estar orando como deveria por essa guerra. Estar orando pelas pessoas que estão envolvidas nisso tudo. Eu senti uma tristeza tão grande de ver essa criança que só tem 12 anos e que daqui pra frente vai levar uma vida totalmente diferente. Sei lá, quando eu terminei de ler eu agradeci tanto a Deus por tudo que tenho.”


Parei tudo o que estava fazendo. Sério, parei de analisar as causas e conseqüências da guerra, seus mandantes, o que virá depois. Parei de pensar na política brasileira, nas incertezas da economia. Parei de pensar sobre minhas pendências no trabalho. Minha vida parou por alguns instantes.

Isso porque alguém, com uma simplicidade tremenda, regada, claro, a uma sinceridade inquestionável (o e-mail seguiu para poucas pessoas, sem IBOPE) conseguiu exprimir o que muitos estão sentindo. O que mais me chamou a atenção foi Márcia dizer “Sei que pode parecer bobeira minha...”. No que logo respondi: continue com essa bobeira! Seja sempre boba, então!

Caramba, ficamos constrangidos em nos compadecer publicamente de alguém! O mundo que nos cerca orgulha-se tanto de sua esperteza, maliciosidade e individualismo exacerbado a ponto de fazer com que nossos mais sinceros (e comuns!) sentimentos pareçam o mais ingênuos e inúteis possíveis.

Por que seria bobeira nos sentirmos mal diante de uma guerra? Diante de um menino que teve sua vida completamente alterada enquanto nós estamos aqui, comparativamente, 100% bem? Por que se sentir mal por se sentir mal por alguém?

Se é assim, então tá: de agora em diante, sou um bobo. Ou melhor (aproveitando o termo de uma infeliz declaração de FHC sobre economia): sou um neobobo. Com a diferença que não vou me auto-censurar no momento de expressar essa neobobeira, de mostrar que o ser humano não é feito de concreto – exterior ou interiormente – ao me deparar com cenas ou acontecimentos que afrontam nossa própria natureza.

(Não é à toa que a imprensa sempre foi perseguida, pressionada, cooptada. Seria vantagem para o doutrinário Bush mostrar crianças feridas em uma guerra por eles tão ardorosamente defendida? Seria vantagem para o doutrinário Saddam mostrar cenas de suas tropas cambaleantes e sem chances de resistir ao exército ianque? É do jornalista a responsabilidade de noticiar, desde o repórter que escreve até o fotógrafo e o cinegrafista que mostram. O lidar com tais responsabilidades é o que faz um profissional ético ou não. )

Ver aquela imagem do Ismaeel despertou em minha amiga algo que pode vir a ser uma reação em cadeia. Quem sabe?

terça-feira, 8 de abril de 2003

O muro desconfortável

A tão esperada volta do Casseta e Planeta trouxe na sua pesquisa “ao vivo e se mexendo” mais uma pergunta que não quer calar. “Pra quem você está torcendo nessa guerra: pro babaca do Bush ou pro escroto do Saddam?”.

Seguindo a universal biologia das brincadeiras, essa também tem fundo de verdade. Em dois aspectos: 1) Nosso subconsciente, incentivado pela mídia (particularmente a TV) encara a guerra como uma disputa qualquer; 2) Somos forçados a ficar em cima do muro de forma desconfortável.

Acompanhamos as notícias diárias do front como um jogo de xadrez, em que avaliamos se as estratégias de ataque e defesa estão dando certo ou não. Pelo número de mortos de cada lado, além do avanço geográfico, prestamos bastante atenção se um “time” está em “vantagem”. E a TV muito colabora, na medida em que nos coloca no mesmo lugar em que sempre estamos nas Copas, Olimpíadas etc: torcedores na expectativa, sentados em segurança no sofá. Com a diferença que não sonhamos ver o espetáculo ao vivo e de camarote.

E aí entra o segundo aspecto da questão: torcemos pro babaca do Bush ou pro escroto do Saddam? Nossa índole diz que ninguém merece nossa torcida, mas... Quando você vê o Bush dizendo que a guerra é para desarmar o Iraque, e só por isso, aclamado por uma população doutrinada pela extrema-direita, não dá raiva? Quando você vê o Saddam sendo aclamado por uma população que sofre as agruras de sua ditadura com toques populistas e tem que brigar ridiculamente pro chefe continuar com seus palácios, não dá raiva?

Temos vontade de torcer sim. O ruim é que sempre vamos acabar torcendo pelo vilão. É isso que me incomoda.

E aí somos forçados a ficar em cima do muro. Eu queria torcer contra o ianque ignorante que usa toda a cara-de-pau possível pra dizer que é presidente de uma democracia, que sua imprensa não sofre pressões, que seu exército não erra nunca.... Mas aí eu vou torcer pro bigodudo que fica cada vez mais rico em um país que sofre há 12 anos severas sanções da ONU?

Você nunca torceu pro Bush morrer, se possível com um tiro do Saddam? Você nunca torceu pro Iraque ser um país um pouco mais normal, e o presidente que impede isso fosse morto? Eu já. E freqüentemente me flagro desse modo, por mais que eu abomine matar alguém. Ok, tem gente que parece que pede. Ainda assim, eu não me sinto à vontade torcendo pra vilão.

Cá estou eu, me equilibrando em cima do muro. É desconfortável, eu sei. Mas se um dia eu me acomodar e me acostumar, provavelmente estarei no sofá – e só. Talvez com um balde de pipoca, compondo a mais insensível das cenas de guerra.

domingo, 6 de abril de 2003

Sem graça pra zoar

Pela primeira vez, não vou achar graça das piadas do Casseta e Planeta sobre o Rubinho "Pé-de-chinelo". O cara tava fazendo uma ótima corrida de recuperação, ultrapassando todos com a ousadia de quem corre em casa, demonstrando melhora no jeito de conduzir, chegou à primeira colocação com mais da metade da corrida realizada... e o carro quebrou.

Em outras épocas, eu diria: "típico do Rubinho, o cara é ruim e pé-frio". Dessa vez, não. A frustração estampada no rosto dele após a parada forçada era do tipo: "dessa vez fiz tudo certo, pq esse castigo?". Como estará sua auto-estima agora? Seria a oportunidade ideal para uma virada na carreira: ganhar bem, no Brasil... Agora, o risco do efeito contrário. É, estou solidário com o Barrichello.
O conceito de musa mudou

Ao menos para mim. Lembro que a primeira vez em que ouvi a palavra foi antes mesmo de minha adolescência. Era a “musa inspiradora”, de poetas principalmente. Na mesma época ouvia falar também de “amor platônico”. De primeira, logo concluí: os poetas sentem amor platônico pelas musas inspiradoras. Faz sentido até hoje.

Até porque gosto de escrever e tenho minhas musas inspiradoras. Não necessariamente que me levem a uma vida de Álvares de Azevedo, que por elas “morria seguidamente”. Nesse período do Romantismo, ficou marcada a idéia da musa pura e inatingível, e essa distância fazia o poeta sofrer, sofrer e sofrer. Nada saudável.

O que não podemos negar é que temos idealizações. De tudo: futuro, família, possíveis empregos, sonhos em geral. Por que não teríamos de mulher? E esse tipo de idealização materializa-se na musa.

Até pouco tempo, minha musa principal era Gisele Bündchen. Precisei agüentar a oposição implacável dos que a acusavam de magrela, insensível (vide a campanha com casacos de pele) e de “cabeça-de-vento com classe”. Não posso dizer que discordava das opiniões acima, mas ela era minha musa e ponto final. Modelo de beleza que me alcançava etc. Não dá pra ficar conjecturando muito sobre essa preferência. O que não esperava é que o conceito de musa mudasse a partir de três mulheres em especial. Todas elas, de certa forma, minhas musas secundárias até então.

Paloma Duarte me conquistou de vez ao reagir à sórdida campanha terrorista de José Serra nas últimas eleições. Regina Duarte fora ao programa do PSDB dizendo que estava com medo de Lula ganhar, usando de todos os argumentos estreitos e estereotipados para desqualificar o candidato e atemorizar o povo para o que viria pela frente. Paloma, militante da classe artística que acompanhou Lula nas demais eleições, se ofereceu para reagir:

“Eu quero dizer que um candidato que precisa aterrorizar a população brasileira em vez de se calcar às suas próprias virtudes para tentar se eleger não merece meu respeito. Não merece minha confiança, e, no meu entender, não mereceria jamais ser presidente da República”.

Admirei sua atitude e vi que não era uma alienada como tantas outras jovens atrizes brasileiras.

Quando trabalhava na Secretaria das Culturas, ganhei ingressos para a pré-estréia de “Lavoura Arcaica”, em sessão fechada no Espaço Unibanco. Só artista na parada, e lá estava Patrícia Pillar. O que primeiro me chamou a atenção é que ela era mais bonita ao vivo, sem a produção da TV à qual estava acostumado. Isso me marcou, e nesta semana (quase um ano depois de tê-la visto), ouvi suas opiniões a respeito do veículo que a projetou:

“Se a gente espera que a TV hoje mostre um comportamento exemplar, ela é um desastre! Não sou moralista, não acho que televisão tenha que ser só educativa e chata, mas é preciso ter mais cuidado. Sobretudo, sem atropelar as etapas. As crianças estão participando da vida adulta muito mais que deveriam.”

Em outro momento da entrevista, ela diz:

“Procuro, sempre que possível, fazer personagens que tenham o que dizer. Se for para fazer novela ou seriado ou filme que não dizem nada, prefiro ficar em casa e brincar de outras coisas.”

Pra completar, resolveram entrevistar Camila Pitanga também. Em seu rosto podemos flagrar a miscigenação brasileira revelada em beleza. Em suas palavras, a inteligência de quem percebe seu lugar na exposição pública, e sua responsabilidade à frente dos milhões de telespectadores globais. Sempre crítica ao culto às “celebridades”:

“Hoje se privilegia a efemeridade e o instantâneo. Assim, são produzidas também pessoas instantâneas. O sucesso a qualquer custo gera mais euforia que realização. A gente percebe a infelicidade nos olhos dessas pessoas que não se vêem velhas, não se enxergam no tempo. Pensam que é bacana estar in, ser cortejada. E depois, o que sobra?Está faltando qualidade ao desejo.”

Foi a terceira confirmação da mudança do conceito de musa. Não basta apenas ser bonita, a inteligência precisa existir e ter sabedoria para se revelar no momento e nas palavras certas. Isso apenas aumenta o valor da boa aparência e deixa a dona de tal conjunto ainda mais digna de ser chamada de musa.

Hoje meus suspiros têm mais qualidade de vida.