Ô raça branca!
Que é o porta-voz? Alguém escolhido previamente por determinada figura ou instituição pública para que manifeste publicamente a opinião da pessoa ou órgão. Principalmente para serem jogados às feras da imprensa em entrevistas coletivas. O porta-voz não emite a própria opinião, mas é de se esperar que tenha o pensamento parecido com o de seus chefes. Assim, a fidelidade e credibilidade da informação apresentada são mais garantidas.
Uma das grandes surpresas da atualidade é que os porta-vozes estão se tornando uma classe cada vez mais independente, mas sem perceberem. Ao terem oportunidade pública de manifestarem determinada opinião de determinado estrato social/cultural etc, estão mais desprendidos para essa missão. Mesmo que não sejam porta-vozes oficiais, escalados para tal.
Exemplo: hoje um desses programas de fofoca da tarde (não, eu não vejo, mas minha avó estava vendo e eu prestei atenção em um trecho. Pode zoar, dizendo que é conversa fiada, que eu critico mas assisto. Sei que minha consciência está tranqüila!) informava que a bala perdida que matará a personagem da novela das oito virá de um assalto. E que os atores escolhidos para interpretarem os marginais são os mesmos de "Cidade de Deus". No que ASTRID FONTENELLE (faço questão de dizer quem é) dispara:
"Mas tinha que ser mesmo! Não vai ser o playboy branquinho que vai atirar bala perdida, mas aqueles pretos da favela!"
Astrid enterrou de vez sua carreira. De promissora VJ dos embriões da MTV, ex-apresentadora de um ótimo programa de entrevistas ("Pé na Cozinha", na emissora musical mesmo), ela assume o que de fato é: porta-voz informal. A cretina entonação de sua voz era a mesma de quando respondemos a uma pergunta imbecil. Manoel Carlos agradece, boa parte da Zona Sul cercada de morros agradece, todos os que concordam plenamente com a tresloucada Astrid agradecem a prestação de seu serviço. Preto favelado é marginal. Playboy branquinho não é.
Sim, você pode pensar que a maioria dos marginais (ou seja, que estão à margem da cidadania, da sociedade, dos direitos) são de cor negra, e que poderia ficar inverossímil para o público de massa de "Mulheres Apaixonadas" algo diferente. Mas a ação dos porta-vozes é eficaz, não se iludam. O cientista político Hélio Santos afirma: "Ninguém nasce racista". E como difundir o racismo? Em doses certeiras que despertam o (in)consciente coletivo, que torce baixinho para que um porta-voz apareça de vez em quando para estereotipar, descer a lenha na auto-estima de quem já passou por 350 anos de escravidão e até hoje sofre as conseqüências disso.
Os frutos dessas irresponsabilidades não-assumidas (ou responsabilizadas como devem ser)? Obstáculos para o negro ter a chance de se afirmar, de vencer preconceitos e barreiras veladas apenas porque é de cor diferente. APENAS PORQUE É DE COR DIFERENTE! DE PELE DIFERENTE, DE SUPERFÍCIE DIFERENTE! Todo mundo sabe que acontece, e todo mundo se cala! Quem tem amigos negros: pense neles. Pense no que passam e no que você e eu, brancos, nunca vamos passar. Além disso tudo, ter que ouvir porta-vozes escrotos reforçando a violência e a raiva da qual tanto se protegem.
Emocionalmente, acabei gastando linhas com esse descarado desserviço de um lixo cultural da pior qualidade. Mas as sutilezas são mais nocivas. Tanto que eu e você, que concorda com o descrito neste artigo, podemos estar encampando sem saber. Afinal, a Cidade de Deus é o lugar mais perigoso do Rio, não é? Aquele neguinho do outro lado da rua é o favorito para bater nossa carteira, não é? Ação afirmativa é dizer sim ao negro quando o emprego é de jogador de futebol, porteiro, empregada doméstica, zelador, faxineiro, não é? Ainda que sejam todas profissões dignas. Você as acha dignas, não é?
Somos todos criação de Deus, componentes da raça humana.
quinta-feira, 31 de julho de 2003
segunda-feira, 28 de julho de 2003
ADIANTA?
No Globo de hoje uma notícia curiosa: "Justiça dirá se filhos de fiscal mudam de nome". Sabe do que se trata? Os filhos do Silveirinha estão sendo tão zoados na escola que só lhes restou trocar de sobrenome. Detalhe: trata-se de um guri de 8 anos e dois gêmeos de 4 anos. O pedido para a troca do sobrenome veio do pai. Uma coluninha espremida ao lado do Ancelmo Gois que diz muito.
Primeiro, é que eu tento me colocar no lugar das crianças. Será que entendem o que está acontecendo? Entendem por que seu pai causa tanto desaforo e é fonte para que sejam insultados e zoados todos os dias? Ao ver a foto do pai nos jornais, acompanhado da polícia e percebendo que agora ele mora na prisão, como se sentem?
Segundo, o que se passa na cabeça de Silveirinha diante disso? Talvez ele estivesse preparado para suportar a pressão pública, os depoimentos, o processo (o Super-Sahione pensou em tudo, até no "pingo-borrachinha"), o "não sabia de nada" do ex-chefe e da atual chefa, quem sabe até a prisão. Mas ele teria previsto a humilhação de seus filhos devido ao que praticou nesses anos todos? Ao especular sobre uma possível descoberta de seus atos, pensou no legado que deixaria a seus herdeiros?
Terceiro, teria Silveirinha pensado que a única solução à vista seria trocar a identidade de seus filhos? Ele, que os fez e criou, pensou que poderia ter que apagar parte da história das crianças por algo feito exclusivamente por ele próprio? É claro que, se entrevistado, dirá que a imprensa fomenta essas reações etc... Mas o que se passa na sua cabeça, de fato, a gente não sabe. A culpa teria chegado com o prejuízo dos filhos? Através do sofrimento deles, Silveirinha poderia perceber o mal que fez à sociedade, ao Rio, à política, ao serviço público?
Quarto, os filhos de Silveirinha são insultados na escola. Presumo que esses insultos venham de colegas de turma. Crianças de 8 e 4 anos insultando outras em virtude dos acontecimentos políticos do Estado? Elas acompanham o noticiário da corrupção para associar colegas de escola como igualmente corruptos em relação ao pai??? Tem algo estranho aí. Podem me chamar de cruel, mas até que ponto os pais estão ingerindo nisso? Um pai que seja funcionário do estado, que ficou sem o 13º e descobre que seu filho estuda com os filhos do Silveirinha... Continuo acreditando que crianças podem ser mais ingênuas do que maldosas.
Quinto e último, a moral da história: você pode ter uma vida limpa e ficar com o nome sujo; ou uma vida suja recém-transparente no qual o nome é o primeiro a cair de podre.
No Globo de hoje uma notícia curiosa: "Justiça dirá se filhos de fiscal mudam de nome". Sabe do que se trata? Os filhos do Silveirinha estão sendo tão zoados na escola que só lhes restou trocar de sobrenome. Detalhe: trata-se de um guri de 8 anos e dois gêmeos de 4 anos. O pedido para a troca do sobrenome veio do pai. Uma coluninha espremida ao lado do Ancelmo Gois que diz muito.
Primeiro, é que eu tento me colocar no lugar das crianças. Será que entendem o que está acontecendo? Entendem por que seu pai causa tanto desaforo e é fonte para que sejam insultados e zoados todos os dias? Ao ver a foto do pai nos jornais, acompanhado da polícia e percebendo que agora ele mora na prisão, como se sentem?
Segundo, o que se passa na cabeça de Silveirinha diante disso? Talvez ele estivesse preparado para suportar a pressão pública, os depoimentos, o processo (o Super-Sahione pensou em tudo, até no "pingo-borrachinha"), o "não sabia de nada" do ex-chefe e da atual chefa, quem sabe até a prisão. Mas ele teria previsto a humilhação de seus filhos devido ao que praticou nesses anos todos? Ao especular sobre uma possível descoberta de seus atos, pensou no legado que deixaria a seus herdeiros?
Terceiro, teria Silveirinha pensado que a única solução à vista seria trocar a identidade de seus filhos? Ele, que os fez e criou, pensou que poderia ter que apagar parte da história das crianças por algo feito exclusivamente por ele próprio? É claro que, se entrevistado, dirá que a imprensa fomenta essas reações etc... Mas o que se passa na sua cabeça, de fato, a gente não sabe. A culpa teria chegado com o prejuízo dos filhos? Através do sofrimento deles, Silveirinha poderia perceber o mal que fez à sociedade, ao Rio, à política, ao serviço público?
Quarto, os filhos de Silveirinha são insultados na escola. Presumo que esses insultos venham de colegas de turma. Crianças de 8 e 4 anos insultando outras em virtude dos acontecimentos políticos do Estado? Elas acompanham o noticiário da corrupção para associar colegas de escola como igualmente corruptos em relação ao pai??? Tem algo estranho aí. Podem me chamar de cruel, mas até que ponto os pais estão ingerindo nisso? Um pai que seja funcionário do estado, que ficou sem o 13º e descobre que seu filho estuda com os filhos do Silveirinha... Continuo acreditando que crianças podem ser mais ingênuas do que maldosas.
Quinto e último, a moral da história: você pode ter uma vida limpa e ficar com o nome sujo; ou uma vida suja recém-transparente no qual o nome é o primeiro a cair de podre.
quinta-feira, 17 de julho de 2003
Marta Suplicy 2012 manda no jornalismo carioca
AH, SOU CARIOCA! Como é bom dar esse grito agora que o Rio foi escolhido pra ser a sede das Olimpíadas 2012! Perdão, ele é candidato a candidato ainda. É que com essa cobertura da mídia, eu me empolguei... Mas comemoremos! O melhor de tudo é que, num passe de mágica, de uma hora pra outra, por um fenômeno sociológico ainda não detectado e devidamente estudado, a “onda de violência” 2003 quebrou nas praias da orla olímpica.
Onde está a “Guerra do Rio” que o GLOBO alardeava em primeira página? E a taxativa “Guerra Perdida” que o JB teimava em botar em caixa alta? Acabou, acreditem. O crime no Rio reduziu tanto que só ocupa a primeira metade da penúltima página do primeiro caderno. Quem lê a primeira metade da penúltima página do primeiro caderno??
Em compensação, o Rio tornou-se a cidade ideal para os Jogos Olímpicos. A capital de um estado quase falido, por meio do “gênio do mal” Cesar Maia, possui verbas, verbas e mais verbas para construir estádios, reformar complexos esportivos. De onde sai tanto dinheiro? Como há tanto dinheiro? E olha que o povinho “desculturado” do Rio esnobou o Guggenheim...
Segue o processo de elitizar ainda mais a Barra. Afinal, lá vai ser a Vila Olímpica, por ali as favelas não ameaçam tanto, e todo o reforço de segurança vai pra lá – tudo pelas Olimpíadas! É o apartheid social agravado, dessa vez de forma oficial, escancarada e utilitarista – tudo pelas Olimpíadas!
Mas o que eu estou abismado é que a violência no Rio diminuiu tanto... Agora eu já posso ir ao cinema à noite, já posso passar pela Av. Brasil sem medo. Medo? Isso é coisa que colocaram na nossa cabeça, pelo visto. Pelos mesmos órgãos de imprensa que hoje dizem o contrário, mesmo que para isso não precisem dizer nada – é só tirar das primeiras páginas, deixar de associar crimes isolados com uma “onda” tão ocasional e previsível nas coberturas de mídia quanto a SP Fashion Week.
Esse flagrante de mídia deve ser creditado a quem de direito: Marta Suplicy. Foi ela que, num desespero em defender a candidatura de Sampa 2012, disse que o Rio era mais violento. Foi o suficiente para que o bairrismo da mídia carioca vencesse a necessidade de atemorizar os leitores além da conta. Hoje, ao lado da matéria de página inteira do Globo com o prefeito e a pseudo-governadora unindo esforços para 2012, uma comparação de que Ipanema teria um índice de desenvolvimento humano (IDH) maior que a Noruega. E um bairro rico da Noruega, também perderia pra vizinha do Leblon?
Enquanto isso, vou ficar torcendo pro Rio pois, como disse o Casseta e Planeta (o campeão de citações desse blog), “conquistamos o direito de sonhar com uma possibilidade de, talvez, um dia, quem sabe, ter uma chance de sediar os Jogos Olímpicos de 2012”. Ah, também vou procurar uma imprensa alternativa.
AH, SOU CARIOCA! Como é bom dar esse grito agora que o Rio foi escolhido pra ser a sede das Olimpíadas 2012! Perdão, ele é candidato a candidato ainda. É que com essa cobertura da mídia, eu me empolguei... Mas comemoremos! O melhor de tudo é que, num passe de mágica, de uma hora pra outra, por um fenômeno sociológico ainda não detectado e devidamente estudado, a “onda de violência” 2003 quebrou nas praias da orla olímpica.
Onde está a “Guerra do Rio” que o GLOBO alardeava em primeira página? E a taxativa “Guerra Perdida” que o JB teimava em botar em caixa alta? Acabou, acreditem. O crime no Rio reduziu tanto que só ocupa a primeira metade da penúltima página do primeiro caderno. Quem lê a primeira metade da penúltima página do primeiro caderno??
Em compensação, o Rio tornou-se a cidade ideal para os Jogos Olímpicos. A capital de um estado quase falido, por meio do “gênio do mal” Cesar Maia, possui verbas, verbas e mais verbas para construir estádios, reformar complexos esportivos. De onde sai tanto dinheiro? Como há tanto dinheiro? E olha que o povinho “desculturado” do Rio esnobou o Guggenheim...
Segue o processo de elitizar ainda mais a Barra. Afinal, lá vai ser a Vila Olímpica, por ali as favelas não ameaçam tanto, e todo o reforço de segurança vai pra lá – tudo pelas Olimpíadas! É o apartheid social agravado, dessa vez de forma oficial, escancarada e utilitarista – tudo pelas Olimpíadas!
Mas o que eu estou abismado é que a violência no Rio diminuiu tanto... Agora eu já posso ir ao cinema à noite, já posso passar pela Av. Brasil sem medo. Medo? Isso é coisa que colocaram na nossa cabeça, pelo visto. Pelos mesmos órgãos de imprensa que hoje dizem o contrário, mesmo que para isso não precisem dizer nada – é só tirar das primeiras páginas, deixar de associar crimes isolados com uma “onda” tão ocasional e previsível nas coberturas de mídia quanto a SP Fashion Week.
Esse flagrante de mídia deve ser creditado a quem de direito: Marta Suplicy. Foi ela que, num desespero em defender a candidatura de Sampa 2012, disse que o Rio era mais violento. Foi o suficiente para que o bairrismo da mídia carioca vencesse a necessidade de atemorizar os leitores além da conta. Hoje, ao lado da matéria de página inteira do Globo com o prefeito e a pseudo-governadora unindo esforços para 2012, uma comparação de que Ipanema teria um índice de desenvolvimento humano (IDH) maior que a Noruega. E um bairro rico da Noruega, também perderia pra vizinha do Leblon?
Enquanto isso, vou ficar torcendo pro Rio pois, como disse o Casseta e Planeta (o campeão de citações desse blog), “conquistamos o direito de sonhar com uma possibilidade de, talvez, um dia, quem sabe, ter uma chance de sediar os Jogos Olímpicos de 2012”. Ah, também vou procurar uma imprensa alternativa.
quinta-feira, 10 de julho de 2003
Legitimando o (meu) discurso
Transcrevo aqui um texto do site www.caiofabio.com que tem a ver com o artigo da semana passada sobre o preconceito para com os garis. Ainda tinha uma entrevista com o sociólogo, mas aí esse post ia ficar muito grande.
Afinal somos rótulos, objetos, funções sociais, papéis na sociedade, papéis na organização ou seres humanos em nossa plenitude?
"Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da "INVISIBILIDADE PÚBLICA". Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a FUNÇÃO SOCIAL do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social. O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são "seres invisíveis, sem nome".
Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da "invisibilidade pública", ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.
Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida: "Descobri que um SIMPLES BOM DIA, que nunca recebi como gari, pode significar um SOPRO DE VIDA, um sinal da própria existência", explica o pesquisador.
O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um OBJETO e não como um SER HUMANO. "Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado-se em um poste, ou em um orelhão", diz. Apesar do castigo do sol forte, do trabalho pesado e das humilhações diárias, segundo o psicólogo são acolhedores com quem os enxerga. E encontram no silêncio a defesa contra quem os ignora.
Transcrevo aqui um texto do site www.caiofabio.com que tem a ver com o artigo da semana passada sobre o preconceito para com os garis. Ainda tinha uma entrevista com o sociólogo, mas aí esse post ia ficar muito grande.
Afinal somos rótulos, objetos, funções sociais, papéis na sociedade, papéis na organização ou seres humanos em nossa plenitude?
"Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da "INVISIBILIDADE PÚBLICA". Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a FUNÇÃO SOCIAL do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social. O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são "seres invisíveis, sem nome".
Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da "invisibilidade pública", ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.
Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida: "Descobri que um SIMPLES BOM DIA, que nunca recebi como gari, pode significar um SOPRO DE VIDA, um sinal da própria existência", explica o pesquisador.
O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um OBJETO e não como um SER HUMANO. "Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado-se em um poste, ou em um orelhão", diz. Apesar do castigo do sol forte, do trabalho pesado e das humilhações diárias, segundo o psicólogo são acolhedores com quem os enxerga. E encontram no silêncio a defesa contra quem os ignora.
terça-feira, 8 de julho de 2003
Mais Jovens Poetas
Dessa vez é um colaborador amigo que preferiu assinar com pseudônimo...
Ratimbum de coniforme som
Ratimbum de coniforme som
de vida sem tom, se não tiver saudades.
De vida sem cor se não existir amor,
mesmo o amor dos que são traídos.
Mesmo o amor dos escravos,
dos escárnios, dos que trabalham e não têm tempo para nada.
Dos santos, que choram por não servirem melhor ao seu senhor.
santos homens e mulheres e crianças e avós...
Santa humanidade, que de tanta passividade dá desejo de surrá-la.
De vida sem cor se não tiver verdade,
nem que seja as rasas, aquelas que nos confundem,
que nos aliviam ou maltrata-nos até nos arrancar uma lágrima...
Essas verdades que nos contam os senhores,
os latifundiários da informação, da ação do mal e do engano.
De vida sem cor se não existir o pão,
dos pobres e miseráveis,
dos ricos e intragáveis,
de nós... Pobres vertentes da incompreensão mais tola,
incompreensão vista no olhar do outro irmão... O que morre de fome.
de vida sem cor se não existir as matizes,
as matrizes da mistura, das raças, dos credos,
dos sexos, da arte, dos movimentos populares...
Dos bois nos pastos, dos homens castos,
dos filhos da repressão e dos herdeiros da liberdade enganosa.
De vida sem cor se não existir Deus...
Deus para criar, para inovar,
salvar as baleias, mas também o ser-humano que não mais quer sê-lo,
os escravos da senhoria consciência,
os pecadores entorpecidos pela certeza e pela razão."
(Fidel Filho)
Dessa vez é um colaborador amigo que preferiu assinar com pseudônimo...
Ratimbum de coniforme som
Ratimbum de coniforme som
de vida sem tom, se não tiver saudades.
De vida sem cor se não existir amor,
mesmo o amor dos que são traídos.
Mesmo o amor dos escravos,
dos escárnios, dos que trabalham e não têm tempo para nada.
Dos santos, que choram por não servirem melhor ao seu senhor.
santos homens e mulheres e crianças e avós...
Santa humanidade, que de tanta passividade dá desejo de surrá-la.
De vida sem cor se não tiver verdade,
nem que seja as rasas, aquelas que nos confundem,
que nos aliviam ou maltrata-nos até nos arrancar uma lágrima...
Essas verdades que nos contam os senhores,
os latifundiários da informação, da ação do mal e do engano.
De vida sem cor se não existir o pão,
dos pobres e miseráveis,
dos ricos e intragáveis,
de nós... Pobres vertentes da incompreensão mais tola,
incompreensão vista no olhar do outro irmão... O que morre de fome.
de vida sem cor se não existir as matizes,
as matrizes da mistura, das raças, dos credos,
dos sexos, da arte, dos movimentos populares...
Dos bois nos pastos, dos homens castos,
dos filhos da repressão e dos herdeiros da liberdade enganosa.
De vida sem cor se não existir Deus...
Deus para criar, para inovar,
salvar as baleias, mas também o ser-humano que não mais quer sê-lo,
os escravos da senhoria consciência,
os pecadores entorpecidos pela certeza e pela razão."
(Fidel Filho)
sábado, 5 de julho de 2003
Poucos pequenos pitacos
- A frase da semana: “Peixe morre pelo Boca”.
- Já disse nesse blog que Gisele Bündchen foi uma de minhas musas – até eu descobrir um novo conceito de musa (em 06/04/2003, tá no Túnel do Tempo aí do lado). Contudo, a “cabeça-de-vento com classe” parece estar mudando. Hoje ela disse, diante de uma tiete-repórter, que não tem nada a ver esse negócio dela ser considerada a mulher mais bonita do mundo, que se dá valor demais à aparência, que a badalação em torno dela é exagerada. Ok, em matéria de conteúdo não chega aos pés de Paloma Duarte, mas já melhorou. A prova: Gisele Bündchen esnobou convite de Xuxa pra aparecer em seu programa. Cara, qualquer pessoa que esnobe a Xuxa em público cresce no conceito comigo. Será que Gisele está lendo o Lessog?
- Demorou mas finalmente uma polêmica social nas “Mulheres Apaixonadas”: a personagem Fernanda vai morrer de bala perdida nas ruas do paradisíaco Leblon. A gritaria das empresas de turismo e da rede de hotéis gerou matéria no Globo. Por carta, chegaram a pedir a D. Manoel Carlos que, já que é pra matar a coadjuvante, mata envenenada (sério!). Mas que não piorasse a imagem do Rio. O príncipe-regente da Zona Sul não deu muita bola, reivindicando seu direito de fazer a “denúncia social” como bem entender. Se fosse alguma autoridade reclamando (governador, secretário de turismo etc), tudo bem: são responsáveis para que bala perdida não aconteça e, nesse caso, censurar a novela é tapar o sol com a peneira e tirar da reta. Mas a indústria do turismo vive da imagem e da fama da cidade, em qualquer lugar do mundo. Acho que ELES têm o direito de reclamar. De qualquer forma, daqui a pouco a Susana “Galvão Bueno” Vieira faz um discursinho justificando o beicinho do principezinho...
- A frase da semana: “Peixe morre pelo Boca”.
- Já disse nesse blog que Gisele Bündchen foi uma de minhas musas – até eu descobrir um novo conceito de musa (em 06/04/2003, tá no Túnel do Tempo aí do lado). Contudo, a “cabeça-de-vento com classe” parece estar mudando. Hoje ela disse, diante de uma tiete-repórter, que não tem nada a ver esse negócio dela ser considerada a mulher mais bonita do mundo, que se dá valor demais à aparência, que a badalação em torno dela é exagerada. Ok, em matéria de conteúdo não chega aos pés de Paloma Duarte, mas já melhorou. A prova: Gisele Bündchen esnobou convite de Xuxa pra aparecer em seu programa. Cara, qualquer pessoa que esnobe a Xuxa em público cresce no conceito comigo. Será que Gisele está lendo o Lessog?
- Demorou mas finalmente uma polêmica social nas “Mulheres Apaixonadas”: a personagem Fernanda vai morrer de bala perdida nas ruas do paradisíaco Leblon. A gritaria das empresas de turismo e da rede de hotéis gerou matéria no Globo. Por carta, chegaram a pedir a D. Manoel Carlos que, já que é pra matar a coadjuvante, mata envenenada (sério!). Mas que não piorasse a imagem do Rio. O príncipe-regente da Zona Sul não deu muita bola, reivindicando seu direito de fazer a “denúncia social” como bem entender. Se fosse alguma autoridade reclamando (governador, secretário de turismo etc), tudo bem: são responsáveis para que bala perdida não aconteça e, nesse caso, censurar a novela é tapar o sol com a peneira e tirar da reta. Mas a indústria do turismo vive da imagem e da fama da cidade, em qualquer lugar do mundo. Acho que ELES têm o direito de reclamar. De qualquer forma, daqui a pouco a Susana “Galvão Bueno” Vieira faz um discursinho justificando o beicinho do principezinho...
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