terça-feira, 8 de julho de 2003

Mais Jovens Poetas

Dessa vez é um colaborador amigo que preferiu assinar com pseudônimo...

Ratimbum de coniforme som

Ratimbum de coniforme som
de vida sem tom, se não tiver saudades.
De vida sem cor se não existir amor,
mesmo o amor dos que são traídos.

Mesmo o amor dos escravos,
dos escárnios, dos que trabalham e não têm tempo para nada.
Dos santos, que choram por não servirem melhor ao seu senhor.
santos homens e mulheres e crianças e avós...
Santa humanidade, que de tanta passividade dá desejo de surrá-la.

De vida sem cor se não tiver verdade,
nem que seja as rasas, aquelas que nos confundem,
que nos aliviam ou maltrata-nos até nos arrancar uma lágrima...
Essas verdades que nos contam os senhores,
os latifundiários da informação, da ação do mal e do engano.

De vida sem cor se não existir o pão,
dos pobres e miseráveis,
dos ricos e intragáveis,
de nós... Pobres vertentes da incompreensão mais tola,
incompreensão vista no olhar do outro irmão... O que morre de fome.

de vida sem cor se não existir as matizes,
as matrizes da mistura, das raças, dos credos,
dos sexos, da arte, dos movimentos populares...
Dos bois nos pastos, dos homens castos,
dos filhos da repressão e dos herdeiros da liberdade enganosa.

De vida sem cor se não existir Deus...
Deus para criar, para inovar,
salvar as baleias, mas também o ser-humano que não mais quer sê-lo,
os escravos da senhoria consciência,
os pecadores entorpecidos pela certeza e pela razão."
(Fidel Filho)


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