sexta-feira, 9 de maio de 2008

Meu encontro com o Rei

Eu era recém-concursado da Prefeitura do Rio de Janeiro, como profissional de nível médio de informática. Estava no início da faculdade de Jornalismo, e pensava: como conciliar o que estava estudando e meu trabalho?

Pensei logo na assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Cultura - tudo a ver comigo. Pensei mais ainda quando soube que Artur da Távola tinha acabado de ser escolhido o secretário de lá.

Eu já conhecia as crônicas dele, mas fiquei fascinado mesmo quando assisti a uma entrevista na TV Cultura, com o então senador analisando a existência e os impactos da televisão. Fiquei impressionado com o profundo e perspicaz conhecimento sobre o assunto, e sendo comunicado de maneira tão simples e singular.

Já imaginou trabalhar com esse cara? Ou, ao menos, pra alguém que pensa daquele jeito?

Enquanto sonhava, trabalhava no 5º andar do prédio da Prefeitura, na Secretaria de Desenvolvimento Social. Um dia precisei ir ao 3º andar - na Secretaria de Cultura. Em determinado momento, foi necessária uma providencial ida ao banheiro.

Por sarcasmo sacana do destino, quem está a dois mictórios de mim? Obviamente, pra que ninguém duvide de minha masculinidade, fiquei na minha.

Mas na hora de lavar as mãos, pias paralelas, o fã desejoso de um emprego melhor não resistiu, naif:

- O senhor é o Artur da Távola, não é?

- Sim, sou eu.

- Eu vi sua entrevista na TV Cultura. Muito boa.

- Obrigado.

(O DIÁLOGO A SEGUIR CORRESPONDE À VERDADE FACTUAL FIEL)

- Eu faço jornalismo na UFF...

- Ah, estamos precisando alguém lá na assessoria pra ajudar a fazer os informativos, a divulgação... Fala com o Jorge Roberto, meu assessor de imprensa, pra ver como faz.

- Ah, legal! Obrigado. Vou falar com ele.

Ele se despediu e eu ainda aguardei alguns eternos meses até conseguir ser lotado na Secretaria de Cultura, na assessoria de imprensa. Lá conheci o Geraldo Lopes, a Anna Paula (designer e até hoje minha grande amiga) e ganhei uma significativa experiência de vida e de trabalho.

Não tinha contato com Artur da Távola nos 11 meses que fiquei por lá, mas desde então acompanhei ainda mais sua carreira e suas análises de comunicação (caminho acadêmico que pretendo seguir).

Hoje, o Rei Artur abdicou, pela vontade soberana de seu coração. Ele próprio, com suas palavras e conhecimento, era o cálice sagrado sempre buscado.

ATUALIZAÇÃO: Indico artigo sobre Artur da Távola no Observatório da Imprensa, que comprova o caráter socializante de seu conhecimento.

Um comentário:

GRAÇA TORRES disse...

A EMOÇÃO DA SAUDADE DO ACONTECIMENTO, DO TÁVOLA E DO AUTOR