"A ignorância é uma bênção". É nosso costume evocar tal frase quando nos angustiamos com o conhecimento recém-adquirido. Diante daquele diagnóstico médico que você só sabe ao fazer os exames, ou de informações sobre o mundo ou o futuro que te deixam na dúvida se era melhor ter ficado sem saber daquilo.
Até porque isso nos leva a questões filosófico-existenciais que não terei capacidade de reproduzir aqui, apenas mencionar. Temos condição de saber de tudo, de processar tantas informações sobre tantas coisas? Preferir não saber significaria ficarmos deliberadamente reféns de quem sabe? Qual o custo social de escolher a ignorância?
Talvez o limiar entre a angústia e o desejo por conhecimento sejam nossas limitações pessoais. O quanto posso, de fato, interferir naquele contexto que acabei de conhecer? Se houvesse possibilidade de aferir tal coisa, talvez nossas escolhas fossem mais fáceis e seguras. "De que adianta eu saber disso?", é a pergunta que vez por outra me captura. Com essa noção clara, deixaria de me importar ou desistiria de conhecer certas coisas, sem culpa.
Certezas, garantias... Quando isso de fato esteve à nossa disposição? Talvez nunca, talvez no tempo passado, quando o fato já ocorreu. Buscamos conhecimento em busca do pote de ouro da "verdade" e sempre nos decepcionamos. A vírgula logo aparece, e retribuímos sua presença com um ponto de interrogação que logo será como a cenoura à frente do cavalo. Mas até os cavalos cansam...
E me percebo cansado. Exigido para além das minhas forças, chicoteado pela necessidade (?) de estar antenado, acompanhando tudo, de ficar esperto pra não ficar pra trás. Não é possível, simplesmente não é possível. Suspeito então que aceitar o limite pode ser o pote de ouro da liberdade. Ainda que haja sempre uma vírgula pronta pra surgir a qualquer hora.
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