segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

O cosmos

Entrar na vida acadêmica é um exercício de humildade.


Você começa pensando que pode trazer "a" solução para um grande problema. Logo se dá conta que está num funil em que suas ideias cairão até restar o que é possível fazer.

Você aprende, quase na marra, que sua contribuição para o conhecimento da humanidade é mínimo. Só um pedacinho de matéria num universo em expansão.

Você se acha - para logo se perder.

Você sente um gostinho de frustração, de expectativa quebrada.

Mas o pedacinho de matéria, se visto em um microscópio, parece um verdadeiro universo. Nele estão contidos todos os seus esforços de leitura, gestão de tempo, disciplina e vontade de contribuir.

Naquele pedacinho você presencia a bioquímica atuante e então você se orgulha. As perspectivas são reposicionadas e você recebe um beijo da humildade, que aguarda sua retribuição.

Você se sente um pequeno empreendedor em início de trabalho, fazendo desde o projeto até a execução contínua. Planeja a casa e taca cimento no tijolo. Bate escanteio e corre pra cabecear.

Você se reconhece ali, consegue enxergar o que é seu, e que tudo depende dessa entrega humilde através da qual você vai deixar a sua colaboração, e nada mais. E nada menos. E não será como nenhuma outra. E não será pouca coisa.

Será sua. E no momento em que você terminar, não será mais.




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