sexta-feira, 9 de maio de 2003

E os pimpolhos? - parte 2

Transcrevo abaixo o ótimo comentário da amiga Louise Araujo, formada em jornalismo pela UFF (eu chego lá!) e leitora assídua deste blog:

"Bom, TV nunca educou. A programação era tão ruim antes (com raras exceções) quanto o é hoje (com raras exceções). Mas antes, pela dificuldade de acesso ao aparelho, menos crianças eram deixadas aos cuidados da telinha. Atualmente, quando a banalização da aquisição tornou possível ter uma babá eletrônica em cada cômodo (e ainda equipada com canais mil, cheios de atrativos), tornou-se lógico para muitos pais que aquela caixinha tivesse o discernimento e a pedagogia de um real educador - e largaram o "trabalho sujo" pra ser feito por ela.

Eu lembro que, numa cena de "A próxima vítima" (novela do Sílvio de Abreu) o personagem de Rosamaria Murtinho aparecia morta, boiando numa piscina. Muitos pais podem ter se indignado de ter se veiculado cena tão forte num horário em que as crianças ainda estavam acordadas - mas pelo menos uma mãe discordou deles. Escreveu uma carta (para O Globo? JB? Não lembro....) dizendo que, ao invés de se horrorizar, explicou ao filho o que tinha acontecido, lembrou que aquela era apenas uma cena de novela (e vamos combinar que os contos de fada têm cenas bem mais violentas do que essa) etc etc etc. Enfim, explicou o mundo ao filho, ensinou as coisas da vida a ele. E parabenizava o autor pela boa qualidade da cena.

Que bom seria se todos os pais agissem assim - ou seja, com a consciência de que têm um dever muito importante ao colocarem uma criança no mundo: educá-la. Isso não é uma tarefa fácil nem divertida; mas é a obrigação de quem se sentiu adulto o suficiente para tomar a decisão de trazer um ser humano ao mundo. Até porque, vamos combinar, ninguém prometeu que ele viria com um manual de instruções."

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