quinta-feira, 19 de abril de 2007
O carioca é um ser inteligente?
Nasci no Engenho Novo e me criei em São Cristóvão, após passar um breve período no Rocha. Minha noiva, quando começamos a namorar, morava no Rio Comprido. Congrego numa igreja do Centro da cidade (onde também trabalho), e tenho grandes amigos que moram em Copacabana, Ipanema, Leblon, Barra da Tijuca. Sou carioca, portanto. Não quero sair desta cidade, com todas as facilidades que um centro urbano possui, mesmo com suas desvantagens.
Como qualquer carioca - seja rico, seja pobre - estou indignado com a violência (de novo, meu Deus!) e seriamente preocupado em me acostumar com episódios bárbaros e tiroteios em praça pública. Mas o pior é que a sensação que tenho é que o carioca está embrutecendo e emburrecendo.
Por que alguém acredita que o Exército vai resolver o problema da violência? Por que essa é sempre a solução tratada como ideal após situações de calamidade pública movidas a bala? Por que temos essa ilusão, ainda mais que as Forças Armadas são do país, e não de um estado exclusivo? E sabendo que eles ficarão temporariamente apenas? Eles não são preparados para o policiamento urbano, e isso não é uma ofensa aos soldados, mas uma constatação de função. Dão, no máximo, uma sensação de segurança.
Eu me pergunto por que o carioca só resolve cobrar uma coisa dos governantes: a presença do Exército. Se acontecer, não será a primeira vez. O que adiantou? Será que cada governador, pra não contrariar um pensamento único do público, encampa esse teatro deliberadamente?
Irmãos cariocas, vamos cobrar permanentemente de nossos representantes políticos um ensino público de qualidade que seja universal, atendendo a todas as classes - e não protestar contra o aumento de mensalidades; moradias decentes para todos - e não a remoção de seres indesejáveis; uma polícia ética - e não um zé mané que nos alivie de mão molhada a irregularidade cometida no trânsito. Enfim, vamos nos indignar contra quem é devido, e pelos motivos devidos, com coerência.
Carioca, seja inteligente, em vez de ajudar a cavar a própria cova social e humanitária. Não se acostume a ser cínico só porque você pode pagar por saúde, educação, segurança e dane-se o resto. Pois como vemos em nosso dia-a-dia, tá tudo interligado. E não vai ser o Exército que vai dar um jeitinho.
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2 comentários:
Viste a pág. 3 do Globo de domingo? Basicamente, resumia a sua indignação, da qual compartilho, de que só temos duas saídas: Educação ou Exército.
Tá feia a coisa, meu amigo.
Abs,
Eric
É, meu amigo. A matéria da Carta Capital sobre classe média, na semana passada, vai mais fundo na ferida (www.cartacapital.com.br). Abs, Lessa
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