segunda-feira, 10 de março de 2008

Paraty: guia rápido

Aproveitando a invenção de estilo de Graciliano Ramos, segue abaixo um guia rápido para quem pensa (ou não pensa e pode mudar de idéia) em viajar a Paraty (RJ):

Compre as passagens pela Costa Verde. É a única empresa que te leva para a cidade. Prepare-se, o ônibus é "cata-corno". São 4 horas de viagem, semi-leito. Muitas curvas antes e depois de Angra dos Reis, cuidado com o enjôo. Ao chegar, facada do táxi: 15 reais por 2 minutos de corrida. Reserve com antecedência hospedagem na pousada Arte Urquijo. Ela conta com apenas seis quartos. É muito bem decorada e aconchegante. Também fica perto do cais, de onde saem as escunas para passeio. O pessoal de lá é muito hospitaleiro e simpático. Welcome drink e sandálias de lembrança. Se quiser suco de maracujá, pode escolher o maracujá antes. Se for num fim de semana, tire o sábado para as cachoeiras. Só se chega nelas com jeep tour. Água gelada. Pedras que podem surpreender seus pés. Mas é só ir devagar. Pra quem gosta, alambiques no meio do caminho. A comissão das pingas compradas alegra o guia. Irrita quem quer mais água corrente e menos aguardente. À noite, pegue um mapa para andar no centro histórico. Paraty fazia parte do Caminho do Ouro e era assediada por piratas. Assim, a cidade parece um labirinto: ruas e casas e iguais, pra confundir os invasores. Algumas casas possuem fachadas falsas. Se ainda não foi a Buenos Aires, vá ao restaurante Ateresa. Peça o chorizo: 300g de carne. Conheça o garçom mais bem-educado da cidade (por ironia, argentino). No domingo, pegue a escuna O Nome da Rosa, no cais atrás da pousada. A equipe do barco é muito simpática, e o trajeto é dos maiores e melhores. São 5 horas por 2 ilhas e 2 praias. Comida boa feita pela Baiana. A Ilha do Algodão é um paraíso. A mais distante e a mais bonita. No meio do trajeto, veja os restaurantes-ilha que possuem chalé. Programe-se para uma noite lá na próxima viagem. Dê aquela "morgada" no barco enquanto ele volta. Faça o checkout com dor no coração. Em frente à rodoviária, coma na pastelaria Wu. Um atendente chinês conversa com você. Metade das palavras são um mistério. Ou ele quer praticar português (fracassa) ou é apenas solitário mesmo. Prepare-se pra voltar - impossível. Mas deixe um gosto de quero mais.

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