segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eu não sou Galvão Bueno

Quero as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro.

Não quero as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro.

Não sou incoerente, e posso provar. Sou brasileiro e tenho orgulho do meu país. Com todos os problemas que encontramos aqui, não sou daqueles que jogam no lixo tudo o que foi construído no que hoje se chama Brasil. Nem tampouco olho pra fora ansiando por ser igual a outro país, outra cultura - embora não abra mão das críticas internas, como já fiz neste blog.

Acho muito legal que o Brasil seja o país-sede da Copa 2014 - nada mais justo à nossa tradição futebolística. E também apóio a ideia do meu amado Rio de Janeiro sediar o encontro das nações por meio do esporte.

E eu gosto tanto do meu país e da minha cidade que não aceito que eles sirvam de pretexto para meia-dúzia de políticos e cartolas usarem mal e porcamente o dinheiro público. Pois os impostos que deveriam sustentar uma boa administração do cotidiano do país e da ex-capital federal vão-se embora em superfaturamentos e falta de organização e transparência.

Ora, não foi isso que vimos no Pan 2007? Não é isso que vemos, ano após ano, no Campeonato Brasileiro de futebol?

O que me irrita ainda mais é ser contado entre os traidores da pátria simplesmente porque não apóio os traidores da pátria. Porque não aceito sacanearem a boa vontade do povo brasileiro e suas intenções em ver grandes eventos aqui do lado de casa. E hoje isso significa ser contra a realização da Copa e das Olimpíadas, pois estão sendo gestadas da mesma maneira que o esporte é gerido no Brasil: por poucos, para poucos, com o dinheiro de muitos.

Portanto, não me peçam pra torcer pelo Rio no dia 2 de outubro (já que não adianta mais torcer contra o Brasil para a Copa). Ficarei na minha casa esperando, esperançosamente, ver os politicalhas de ocasião fazerem a cara de bunda dos narcisistas derrotados.

Embora reconheça que o Rio tem chances, por nunca ter havido uma Olimpíada na América do Sul e por ser o Rio. Obama estará lá na hora da decisão, mas não dá pra saber a quantas anda o lobby do carismático político, ainda mais na seara esportiva.

5 comentários:

André Marques disse...

Pois é, Marcos. Eu fui a favor da Rio 2004, comprei camisa...
Mas depois que eu vi o festival de roubos, maracutaias, politicagem e sucateamento feitos no Pan, percebi que com esses políticos que temos hoje não há a menor condição de se realizar um evento destes na cidade.
Uma pena, diga-se de passagem.

Clarissa disse...

Eu me pergunto: o que podemos fazer para que haja mais transparência nesses eventos? Como podemos correr atrás disso?

Política, infelizmente, parece não estar nas nossas veias... uma coisa muito comum que se ouve no Brasil (não sei se o mesmo se repete em outras nações) e ver pessoas dizendo de forma quase orgulhosa: "eu não entendo nada de política".

Dizem isso como quem diz "não posso ser confundido com aquele bando de leprosos que vivem de roubar dinheiro público".

Só que política não é isso. Não é mesmo, não deveria ser encarado dessa forma.

Nós tínhamos que nos agarrar com unhas e dentes nesses temas... mas deixamos correr solto, ao léu.

Política, repito, não está nas nossas veias. Faz parte da cultura encarar a política como coisa suja e distante, e quando digo isso, me incluo no bolo.

Como mudar?

Por onde começar?

É isso o que eu queria saber. Alguém se habilita a responder?

Marcos André Lessa disse...

É, Clarissa, na verdade este blog já é uma tentativa de não ficar sem fazer nada. À época do Pan 2007, como era tudo aqui no Rio, ainda cheguei a entrar em contato com os vereadores da CPI, divulguei movimentos críticos, o email dos parlamentares envolvidos. Enfim, perturbei os caras e socializei a questão por aqui. O mesmo em momentos de eleição, etc. Mas na absolvição de Renan Calheiros tive o mesmo sentimento que vc externa agora. Minha busca é por uma nova forma de pressão social, pois acho que as tradicionais já são muito bem dribladas e asfixiadas mais sutilmente. Mas confesso que ainda não sei qual é a ideal.

aureliano22 disse...

esse é meu amigo Marcos Lessa. Desafiando o senso comum. Realmente esta é uma perspectiva a respeito da qual ainda não havia me atentado
Abraço
André

Lei disse...

Puxa, concordo muito com que vc falou. É dificil expressar isso, ainda mais agora nesse momento de euforia. Vamos ver como serão os próximos capítulos...