terça-feira, 2 de setembro de 2014

LIVRE-CONCORRÊNCIA

Cansei de Coca-Cola. Vou beber mate.
(A Coca-Cola comprou o mate)
Então vou beber um suco.
(A Coca-Cola comprou o suco)
Vou beber algo raro, tipo guaraná Jesus.
(A Coca-Cola comprou o guaraná Jesus).
Então me dá uma água!
(A Coca-Cola comprou a água)
Monopólio do Estado é Flórida...

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A prova de direção e o teatro da vida

Você aprende a dirigir e a estacionar tendo que assimilar um milhão de detalhes que até então lhe eram desconhecidos. E inúteis, pois você era um reles passageiro. Se já é complicado pilotar uma máquina de uma tonelada em velocidade sem virar criminoso involuntário, pior é fazer a prova de direção. Ali eu percebi como em muitas ocasiões de nossa existência terrena necessariamente precisamos nos tornar meros atores.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Roma e o nosso espelho

Graças à diligência de um casal de amigos, finalmente consegui assistir a aclamada série "Roma", da HBO, exibida em 2005. Como em outras representações audiovisuais do Império, vemos uma narrativa da política e seus protagonistas, porém dessa vez mesclando-se com tramas paralelas que são pura licença poética. Pela qualidade cênica fiel, lembrei muito da minha visita à capital italiana. E novamente senti a certeza da finitude que me veio enquanto pisava naquele chão milenar.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Deixe que cortem seus bifes

Acabara de me sentar na mesa ao lado de uma senhora e sua sobrinha de uns 9 anos, mais ou menos. Ambas tinham pedido o prato feito que vinha carne. Eu escrevia no meu bloquinho, pra desabafar, reflexões angustiadas. O prato da menina era o único que não havia chegado, e ela chiava. "É porque no prato de criança eles cortam o bife pra você", explicou a tia. "É por isso que eu não gosto de ser criança!", sentenciava a menina. Eu olhei minhas anotações e tive uma enorme vontade de falar umas mentiras.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Quadrilha (depois de Drummond)

Cabral amplia o metrô,
que deveria ser em rede,
que era o melhor pros cariocas.
Pra ampliar o metrô Cabral pede empréstimo,
que vai ser pago pelo faturamento do metrô,
que vem das tarifas pelo serviço, que piora.
As tarifas aumentam para pagar o empréstimo,
que vai doer no bolso do carioca,
que nunca foi levando em consideração na história.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Rachel


Rachel Sheherazade e seus fãs, um minutim da sua atenção.

Pausa poética

MICROPOESIA

Enquanto isso,
O que fazer
Enquanto vivo?
 




MEDIDA

Tantas polêmicas
Tantas opiniões
Poucas escutas
Poucas compaixões
Tantas certezas
Tantas sentenças
Pouca energia
Para mais um dia

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Ao decano, a glória

Morreu um dos maiores cineastas brasileiros. Sim, cineastas, pois Eduardo Coutinho não se considerava um "documentarista". Para ele, o gênero que o consagrou estava no mesmo patamar da ficção audiovisual. Levou o seu trabalho a sério, cujo resultado foi levar cada espectador para dentro de seus filmes, na sala de estar que criava com qualquer entrevistado.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Incômodo

Quando alguém me aborda na rua pedindo dinheiro para comprar comida, penso em possíveis reações: 1) dizer que não tenho, duvidando que a grana irá para o destino requerido; 2) dar o necessário, abstendo-me da questão de uma possível malandragem; 3) ir lá, comprar a comida e entregar à pessoa. Seja qual a for a minha opção, ao final terei o sentimento de que nada foi o bastante.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

À mesa

É muito estranho sentar à mesa com um estranho e ter que tratá-lo como estranho. Almoçar sozinho proporciona essa experiência, em que até olhar pra pessoa pode ser constrangedor. E estranho. A experiência pode ocorrer em vários restaurantes das metrópoles, a cada dia mais impessoais (e anti-pessoas). Depois de um tempo na fila do Delírio Tropical, no Centro do Rio, e passar pela "linha de montagem" de pratos, me acomodo no térreo. A mesa é para dois, e por enquanto estou sozinho.