A matéria fala do Pedro II, do Colégio de Aplicação da UFRJ e do CEFET como modelos de ensino, aprendizado e valorização do professor, em todo o país. Mais até do que escolas particulares que cobram alto da classe média que desistiu de lutar por um bom ensino público (tinham como pagar, né? Dane-se quem não pode...). Pois vejam: ambas instituições federais, com espírito de serviço público, plano de carreira, boa remuneração, universalidade.
A crítica às políticas públicas de educação de nosso Brasilzim também é feita: os colégios são "ilhas" de excelência, pois não existe além deles uma rede de ensino público com a mesma qualidade.
Portanto, governantes, monetaristas e povinho classe média: é possível fazer ensino público de qualidade, se bem planejado e administrado. O que me dá mais raiva nos neo-liberais não é que eu pense diferente deles - é importante aprendermos a conviver com os contrapontos. Mas é por pensarem que o "mercado" ou "as empresas" sempre são o perfeito caminho para se cuidar de direitos básicos (e que nem sempre significam lucro, ou prejuízo): saúde, educação, moradia, cultura, alimentação... E que o Estado, por si só, é uma "fonte do mal" que deve ser extirpada o mais rápido possível. Isso é um discurso construído desde o começo da década de 90, para as privatizações descerem redondo na goela da nação.
Não vou negar os problemas que um funcionário público acomodado pode causar para o país (é por aí que se bate no Estado também). Mas daí a generalizar e chegar a uma conclusão que se pretende soberana e inquestionável - "vende/terceiriza que é melhor" - é uma grande distância.
Pior do que nos eleitos, é perceber nos eleitores que o espírito público não existe mais, apenas o darwinismo sócio-econômico onde o mais forte (no bolso) sobrevive. "Eu exijo meus direitos, pois pago meus impostos", é o que mais se ouve hoje em dia. Esqueceram, por completo, que direitos humanos básicos precisam ser garantidos ou mediados pelos representantes do povo, que ocupam... o Estado. Voltando ao exemplo dos colégios: o que tem de gente querendo que os filhos voltem pra escola pública, pois tá brabo pagar mensalidade... E vão reclamar com quem, agora? Com o dono da escola, que criou um negócio da educação? Ele tem mais é que praticar o seu capitalismo pra sobreviver.
Um último aspecto que queria ressaltar, existente no bom ensino público - que aprendi ao vivo e a cores, no Colégio Pedro II - é a universalidade. Lá, os alunos usam uniformes e têm contato com pessoas de todas as classes sociais. Também no Globo, também num domingo, um educador francês confirmou o óbvio: se as crianças já crescem em ambientes desiguais (escola particular x escola pública), tal experiência e mentalidade produzida vai se propagar quando crescerem e estiverem em suas respectivas "trincheiras" em meio ao cada vez mais agudo abismo social.
(*) Essa é para alunos e ex-alunos... Pra quem não conhece, vai a cola abaixo (pede pra alguém do CPII entoar o grito de guerra):
Pedro II, tudo ou nada?
TUDO!
Então como é que é?
TABUADA!
3x9, 27! 3x7, 21!
Menos 12, ficam 9
Menos 8, ficam 1
Zumzumzum, paratibum